Por tamyres.matos
Rio - Todo ano a história é sempre a mesma. Famílias às voltas com festas, férias escolares e passeios, arrumam as malas, pegam a estrada e deixam para trás seus fiéis animais de estimação. O abandono de cães e gatos pelas ruas e estradas ou em residências por longos períodos sem água ou comida, aumenta 78% nessa época do ano, que vai de dezembro a fevereiro, segundo a Associação Humanitária de Proteção e Bem-Estar Animal (Arca Brasil).
A alegria dos donos de poder viajar e tirar uns dias de folga é sinônimo de tristeza para os animais. Sozinhos e desprotegidos, muitos acabam atropelados, desnutridos ou em abrigos, à espera de um novo lar. Neste período, cresce também o número de devoluções de animais, segundo a ONG Paraíso dos Focinhos, que acolhe cães abandonados e defende a adoção responsável. “Na maioria das vezes, as pessoas estão muito ocupadas na organização de festas ou com alguma viagem e aproveitam para se desfazer do animal”, diz Hanriette Soares, vice-presidente da ONG.
No Riopet Hotel os animais ficam soltos com outros do mesmo tamanho. Não são aceitas cadelas no cio e diária varia de acordo com o porteAlexandre Vieira / Agência O Dia

A empresária recebeu, recentemente, o pedido de uma família querendo dar quatro cães para poder viajar. Ela lembra ainda de uma avó que tentou se livrar de uma poodle de 11 anos porque o neto iria passear na casa dela e tinha medo de cachorro. “Percebo que as pessoas tratam o animal como um objeto e não como um ser que tem vida. Aproveitam a primeira dificuldade para se desfazer dele”, lamenta. Ela aconselha as famílias a procurar alguém de confiança que possa ficar com o seu bichinho, como parente, amigo, hotel, petshop ou associações de proteção aos animais.

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Antes de ter um animal, é preciso pensar muito. Gatos e cachorros vivem, em média, 15 anos ou mais. Eles sentem fome, frio e precisam de cuidado e carinho. O abandono é crime previsto no artigo 32 da Lei Federal 9.605/98, que trata dos crimes ambientais. A pena é de três meses a um ano de detenção e multa, que pode ser acrescida em caso de morte do animal.

Qualquer pessoa que for testemunha de agressões contra animais pode fazer a denúncia de maus tratos na delegacia de polícia mais próxima. Por outro lado, se decidir por acolher um cão ou gato abandonado, é preciso que o interessado se lembre de levá-lo antes ao médico veterinário para que tome todas as vacinas necessárias.

Empresária Hanriette cuida de cães abandonados pelas ruas do Rio na ONG Paraíso dos FocinhosDivulgação

Hotel exclusivo para cachorros

Hotéis para cães são uma boa opção para quem vai viajar de férias e não tem com quem deixá-los. A hospedagem é indicada para animais sociáveis, de menor porte e de fácil adaptação. No Riopet Hotel, na Tijuca, as diárias custam entre R$ 40 e R$ 60 e variam de acordo com o porte do animal e total de dias. O espaço não aceita cães agressivos ou cadelas no cio. Os donos devem providenciar ração, caderneta de vacinação e atestado médico.
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Para diminuir a ansiedade das famílias com a distância do seu bicho de estimação, a proprietária do Riopet Hotel, Rosana Rosadas, passou a postar diariamente fotos dos hóspedes caninos no Facebook. “As famílias ficam mais tranquilas sabendo que eles estão bem”, diz Rosana, que está com lotação quase completa. “Natal, Ano Novo e Carnaval são os períodos com a maior procura”, conta a empresária.