Grupo joga objetos na via férrea e energia é cortada na Linha 2 do metrô
Pessoas seriam da Favela do Metrô, que está ocupada pelo Choque e Bope após novo conflito na noite desta quarta-feira
Por adriano.araujo, adriano.araujo
Rio - Um grupo de manifestantes jogou objetos na via férrea da Linha 2 do metrô nas proximidades da Favela do Metrô, na região da Mangueira, na Zona Norte, na manhã desta quinta-feira. Por medida de segurança, a energia dos trilhos foi cortada entre as estações Triagem e São Cristóvão por 12 minutos às 8h01. Os intervalos na Linha 2 estão irregulares.
O Choque e Bope estão na região desde o início da madrugada, após novos conflitos entre moradores da Favela do Metrô e policiais. Com isso, os manifestantes foram para o lado contrário da via e começaram a atirar objetos como cadeiras, madeiras e tijolos nos trilhos, prejudicando a circulação. A concessionária acionou a PM para o local.
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Moradores realizam nova manifestação nesta quarta à noite
A repressão aos protestos no entorno da Favela do Metrô voltou a assustar quem passa pelo local na noite desta quarta-feira. Após muita confusão com os moradores que se manifestavam em meio ao tráfego, policiais militares fecharam a pista no sentido Méier. Tiros de borracha foram disparados pelos PMs e até mesmo disparos de fuzil puderam ser ouvidos no meio do tumulto.
Muitos motoristas apavorados voltavam de ré ou na contramão para escapar da região de conflito. Estudantes e funcionários da Uerj correram para se abrigar. Por volta das 20h, cerca de 50 pessoas tentaram formar barricadas com fogo na pista para impedir a circulação dos veículos, mas não conseguiram.
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A Polícia Militar reagiu com bombas de efeito moral para tentar dispersar o grupo de manifestantes. Durante o confronto, a PM fechou o trânsito com apoio da CET-Rio, por medida de segurança. Homens do Batalhão de Choque foram para o local e conseguiram negociar com os manifestantes.
O policiamento amanheceu reforçado nesta quarta após um novo - e tenso - protesto de moradores na noite de terça. Três viaturas do 4º BPM (São Cristóvão) ficaram posicionadas em pontos estratégicos da via para garantir a desocupação e demolição da comunidade.
Por volta das 20h40 de ontem, cerca de 50 pessoas, incluindo crianças e adolescentes, fecharam a via no sentido Méier e atearam fogo em entulhos e pneus. A PM revidou com bombas de efeito moral na tentativa de dispersar o grupo.
Às 23h40, o Batalhão de Choque foi destacado para reprimir o protesto. A Radial Oeste foi completamente liberada cerca de quatro horas depois do início da manifestação.
ONG pede apoio para evitar conflito
A Casa da Arte de Educar, ONG que atua há 14 anos na Mangueira, pediu ontem o apoio da OAB-RJ e de outras entidades que trabalham pelos Direitos Humanos para que acompanhem os confrontos. Sueli de Lima, coordenadora da ONG, alerta para a possibilidade de novos conflitos.
“Queremos que investiguem o que está por trás das violentas cenas durante as manifestações e que nos apoiem na garantia do direito de ir e vir dos cidadãos e no acesso aos serviços básicos (luz e água) de forma compatível com a realidade socioeconômica da região”, diz a ativista, em nota.