Rio - O salva-vidas Abel Albani Santos Rodrigues, acusado de matar a ex-mulher com uma facada no peito em julho de 2011, foi preso nesta quinta-feira de manhã em Magé, onde se escondia da polícia, depois de um período de mais de dois anos de impunidade.
Localizado por agentes da 6ª DP (Cidade Nova), graças a informações passadas à polícia pelo Disque-Denúncia (2253-1177), ele acabou revelando um encontro com o tribunal imposto pelo tráfico no Morro do Querosene, no Rio Comprido. O caso ocorreu quatro anos antes do crime, justamente por causa das acusações de agressão à vendedora Edvania Carmo da Silva, grávida e casada com Abel na época.
Levado de casa por dois homens armados, Abel lembrou ter ficado frente a frente com o temido traficante Luiz Ricardo Vitorino da Silva, o Menor do Grotão, preso na semana passada pela 6ª DP enquanto estava escondido no interior do Ceará, onde tinha outra identidade e ganhava a vida como agenciador de seguros e lutador de artes marciais.
Apontado como o matador da quadrilha, Menor do Grotão estava rodeado por mais de 20 homens armados com fuzis. “Achei que ia morrer ali mesmo. Aí, ele (Menor do Grotão) disse que não ia me matar porque eu não estava na área de domínio dele”, explicou Abel. Quem decidiu poupar a vida de Abel foi Anderson Rosa Mendonça, o Coelho, o chefão do São Carlos. Depois da chegada da UPP, em 2011, o tráfico deixou o São Carlos. “Isso só corrobora que os traficantes agiam como justiceiros lá”, argumentou o delegado Antenor Lopes, titular da 6ª DP.
Depois do crime, Abel teve dificuldades para esquecer o crime. “Sonhava com isso. No sonho, ela não queria mostrar o ferimento e dizia que estava bem”, lembra. Absolvido pelo tribunal imposto pelo tráfico, Abel é acusado pela Justiça de matar Edvania, porque estaria inconformado com o fim do relacionamento. Ele encontrou uma forma inusitada de se defender “Foi a faca que bateu nela”, tentou explicar. A vítima deixou quatro filhos. Dois deles, do homem acusado de matá-la. Os outros dois são filhos do traficante Hamilton da Silva Cruz, o Índio, assassinado há dez anos.
Menino disse ter visto mãe ser morta
Com 7 anos na época, o enteado de Abel disse ter testemunhado o assassinato da mãe na Rua Major Freitas, no Catumbi, em 24 de julho de 2011. Em depoimento depois do crime, o garoto disse ter visto o padrasto com uma faca, escondido atrás da porta. Assustado, contou ter ido para o seu quarto. E só despertou com os gritos da mãe. “Eu vi ele dando a facada”, revelou.
Hoje com 12 anos, a filha mais velha de Edvania disse ter recebido uma ameaça de morte por telefone, em outubro do ano passado. E garantiu ter reconhecido a voz do padrasto.