Por thiago.antunes

Rio - O Batalhão de Ação com Cães (BAC) divulgou ontem feito inusitado: oito filhotes de labrador do maior xodó da corporação, o farejador Boss (chefe, em inglês) — inimigo dos traficantes e recordista em descobrir esconderijos de armas, explosivos e drogas —, foram gerados por meio de inseminação artificial feita por veterinários da PM. Os novos integrantes da unidade, que nasceram em novembro, já estão sendo treinados para as Olimpíadas de 2016.

De acordo com o capitão veterinário Luiz Renato Veríssimo, a escolha da cadela mineira de nome Kate Mahoney, que garantiu o patrimônio genético de Boss, ocorreu entre milhares de inscritas em todo o país, através de concurso em parceria com programa de televisão. “O Boss é um excelente farejador, e queríamos manter seu patrimônio genético. Ele já tem uma idade avançada (8 anos), e a inseminação era uma garantia de que teríamos filhotes”, explicou Luiz Renato.

Filhotes%2C que nasceram em novembro%2C fazem trabalhos de socializaçãoDivulgação

“Acompanhamos o cio por citologia e, no período fértil, realizamos a inseminação a fresco (não congelado), que é semelhante à copula natural”, ressaltou a tenente veterinária Tarsila Triani, especializada nesse tipo de técnica. Os oito filhotes, sendo seis fêmeas, estão participando de trabalhos de socialização e sendo avaliados. Testes rotineiros vão indicar aos policiais quais deles possuem aptidões para o faro de entorpecentes, armas e bombas, e para ações de busca e captura.

Instrutores informaram que os quatro filhotes com menor aptidão para o trabalho policial serão entregues ao proprietário da cadela Kate Mahoney (nome em referência à personagem policial de um seriado americano). Os cães que ficarem no BAC passarão por dois anos de treinamento até irem às ruas.

Boss (em primeiro plano) num treinamento no BACDivulgação

Objetivo é aumentar a matilha

Com 72 animais na ativa, o Batalhão de Ação com Cães (BAC) está renovando sua matilha, com o objetivo de reforçar seu grupamento para grandes eventos. Além dos filhos de Boss, o batalhão comprou outros três filhotes e conta com mais duas ninhadas geradas de forma natural, totalizando 11 cães, das raças labrador e pastor alemão. 

“Temos que aumentar o número de cães da equipe e estamos começando um programa zootécnico de melhoramento da qualidade dos animais a longo prazo, embora já tenhamos animais de boa qualidade”, comentou Luiz Renato Veríssimo.

Tráfico queria matar animal em favela

Boss, conhecido também como o ‘Capitão Nascimento de quatro patas’, ganhou fama no dia 28 de outubro de 2010, quando, conforme reportagem exclusiva do DIA na ocasião, policiais revelaram que o labrador estava ameaçado de morte por traficantes.

Nas comunidades, durante ações do BAC, bandidos ordenavam pelos radiotransmissores que seus comparsas atirassem no animal para matá-lo. 

‘Mirem (as armas) no marronzinho (em alusão à cor do labrador)!’, ordenavam os traficantes. A ira não era para menos. Em apenas um dia, durante operação em 2010 no Complexo de Manguinhos, na Zona Norte, Boss farejou, atrás de uma parede falsa de uma casa abandonada, 400 quilos de maconha, além de farta munição e carregadores.

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