Por bianca.lobianco

Rio - O esquadrão antibombas realizou, no início da tarde desta sexta-feira, perícia no local onde o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade foi atingido por um artefato explosivo na noite desta quinta durante protesto nas ruas do Centro. A equipe recolheu fragmentos encontrados nas proximidades da Central do Brasil, que serão submetidos à análise para averiguar se o material é compatível com alguma espécie de bomba. O cinegrafista encontra-se em estado muito grave no Hospital Souza Aguiar.

"Estamos com as imagens e vamos ouvir pessoas da mídia para tentar, a partir daí, descobrir que tipo de artefato foi jogado e por quem foi jogado", disse o novo chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso.

Segundo o delegado da 17ª DP (São Cristóvão) Maurício Luciano, tudo aponta que tenha sido fogos de artifícios que provocou os ferimentos no profissional. O delegado afirmou que vai convocar o fotógrafo que teria visto o momento do lançamento por um manifestante e a jornalista que trabalhava junto com o cinegrafista no momento da explosão para prestarem depoimento. "Imagens de câmeras de seguranças próximas ao local onde ocorreu o acidente já foram solicitadas", disse ele. 

Vídeo flagra socorro a cinegrafista ferido em protesto

Um vídeo divulgado pela britânica BBC flagra o momento em que um cinegrafista da Band foi ferido por uma bomba. O repórter Wyre Davies e o cinegrafista Chuck Tayman, ambos da TV inglesa, socorreram Santiago. Ainda não é possível saber se a vítima foi atingida por uma bomba caseira ou por uma bomba de gás lacrimogênio. Nas imagens, é possível ver uma mulher segurando um rojão perto da vítima logo após o incidente.

Santiago foi levado para o Hospital Souza Aguiar e submetido a uma cirurgia de quatro horas, que terminou no fim da noite. Ele sofreu afundamento de crânio. Dois drenos foram colocados na cabeça do profissional da Bandeirantes para diminuir a pressão craniana. Ele está em coma no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do hospital. Parentes estiveram na unidade até o início da madrugada desta sexta-feira.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou uma nota de repúdio ao ataque sofrido pelo cinegrafista da Band. Em 2013, 114 profissionais da imprensa foram feridos durante a cobertura de protestos.

De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), outras seis pessoas ficaram feridos feridas no protesto. Um homem também permanece internado em observação no Souza Aguiar. Ele não teve o nome informado. Cinco mulheres foram liberadas. Cerca de 30 pessoas foram detidas.

Região da Central vira praça de guerra

A manifestação contra o aumento da passagem de ônibus contou com cerca de mil pessoas e terminou em confronto entre ativistas e policiais militares do Batalhão de Choque (BPChq). A confusão começou após um grupo quebrar catracas na estação Central do Brasil da SuperVia. A PM atirou uma bomba de gás dentro do local, assustando usuários do transporte e provocando correria generalizada.

Muitas pessoas foram socorridas por quem passava no local na hora da confusão. Pelo menos 10 catracas foram danificadas e, por mais de duas horas, milhares de pessoas não pagaram passagem.

Tumulto durante protesto na Central do Brasil. Manifestantes quebram catracas em estação de tremLeitor Bruno Silva

Centenas de pedestres ficaram assustados, correndo para o Terminal Rodoviário Américo Fontenelle. Idosos se abrigaram na 4ª DP (Praça da República) e muitos ficaram em pânico com a confusão. Parte do grupo se deslocou em direção ao Túnel da Saúde, em direção à Zona Portuária.

O corre-corre continuou do lado de fora, com uso de mais bombas e spray de pimenta pelos policiais. Segundo a SuperVia, as estações Central e Praça da Bandeira fecharam parcialmente, enquanto o Metrô Rio anunciou o fechamento dos acessos Campo de Santana, Ministério do Exército, Alfândega e os acessos Praça e Theatro Municipal, na Cinelândia.

Ruas no entorno da Central viraram praça de guerraAndré Mourão / Agência O Dia

A Avenida Marechal Floriano, na altura da Central do Brasil, bem como a Rua Bento Ribeiro, foram fechadas. Houve lentidão no tráfego nas avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, que também foram parcialmente interditadas. Por volta das 20h15, houve nova confusão na estação da Central do Brasil, quando manifestantes tentaram arrombar um dos portões e foram dispersados pelos PMs.

Um grupo virou uma das cabines de fiscais de ônibus e ateou fogo, sendo dispersado em seguida. Ruas do entorno foram interditadas e reabertas constantemente.

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