Por thiago.antunes

Rio - Mais um fim de tarde de uma sexta-feira quente na Tijuca, e os bares do Buxixo, tradicional reduto boêmio da Zona Norte, já começavam a lotar. O chope na pressão continua do jeito que o carioca gosta: três dedos de colarinho e estupidamente gelado. Mas as louras geladas nunca estiveram tão inflacionadas quanto neste verão — é o que dizem os irmãos Diogo e Thiago Gil, que promoveram uma manifestação bem ao estilo carioca para protestar contra o preço alto da cerveja.

“Tomar cerveja no Rio está virando coisa de rico. O nosso protesto é simbólico. Cada um traz seu isopor e vamos fazer o nosso aquecimento para noite aqui mesmo na praça”, disse Diogo. Organizado pelo Facebook, o “Isoporzaço” da Tijuca contou com mais de 200 pessoas presentes na Praça Varnhagen, ontem à noite. Segundo os irmãos, a ideia do protesto surgiu depois de atos semelhantes serem noticiados na mídia. “Já teve ‘isoporzaço’ em Botafogo, no Leme, em Laranjeiras e outros bairros. É um movimento que está se espalhando por toda a cidade, e a gente trouxe aqui para a Tijuca”, contou Thiago.

Munidos de latinhas%2C Leonardo%2C Diogo%2C João%2C Herculano e Thiago reforçam movimento irreverente contra preços abusivos que ganha cada vez mais adeptos no Rio de JaneiroFernando Souza / Agência O Dia

Com bom humor, o agente de turismo João Victor, de 23 anos, disse que o aumento está mudando o hábito do carioca. “Antes, a gente chamava os amigos para beber durante uma noite e gastava R$ 30, agora é mais de R$ 100! Ninguém quer que a cerveja custe R$ 2, mas a gente quer voltar a chegar no final do mês e poder chamar a galera para beber aquele suquinho de cevada. Além da cerveja, tudo está com preço para turista”, protestou. Em um dos bares mais movimentados do Buxixo, a garrafa de 600 ml mais barata custava R$ 8.

Nas redes sociais, diversos protestos idênticos já estão marcados. Até a noite de ontem, 3.500 pessoas eram confirmadas no evento “Isoporzinho”, que vai acontecer a partir de 19h30 de hoje na Rua Farani, em Botafogo. Outros protestos também estão marcados para regiões boêmias do Méier e de Jacarepaguá. E a ideia já se espalhou para fora do estado, com o ‘isoporzaço’ de Juiz de Fora, Minas Gerais. 

O ‘isoporzaço’ faz parte de uma série de manifestações contra o alta no preço do comércio no ano da Copa do Mundo. Na semana passada, o DIA noticiou outro ato organizado pelo Facebook, contra o preço do aluguel de cadeiras e barracas nas praias, que chegam a custar mais de R$ 10.

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