Por tamyres.matos

Rio - A morte da policial militar Alda Rafael Castilho, num ataque ao contêiner da UPP do Parque Proletário no domingo passado, não foi isolado. A pacificação da favela, a partir de agosto de 2012, foi marcada por confrontos com traficantes do Comando Vermelho (CV), que veem a região o como um de seus principais redutos. A situação se agravou nos últimos três meses, com dois policiais mortos e três feridos.

Os confrontos com vítimas começaram na noite de 31 de outubro de 2013, quando seis policiais se depararam com cerca de 20 bandidos armados com fuzis numa localidade conhecida como Vacaria. O traficante Fernando César Batista Filho, o Alemão, morreu no tiroteio.

Apesar da desvantagem, apenas dois PMs foram baleados. O revide veio dois dias depois, na emboscada que matou o soldado Melquizedeque Basílio Santos, com um tiro de fuzil nas costas.
Os policiais que sobreviveram aos dois confrontos lutam para se recuperar das sequelas. Os dois policiais militares baleados no conflito que resultou na morte do traficante Alemão ainda não voltaram à ativa.

Policiais fizeram busca no Parque Proletário após a morte de uma PMFernando Souza / Agência O Dia

Um deles foi atingido por três tiros. Uma bala de nove milímetros ainda está alojada no seu joelho direito. Dois tiros de fuzil rasparam o braço e a mão esquerda dele. Ferido na perna e nas costelas, o outro policial passa por sessões de fisioterapia.

Mesmo sem ser baleado, um terceiro policial envolvido no confronto ficou com problemas psicológicos e passou a fazer apenas serviços internos na UPP. Na emboscada que matou o PM Malquizedeque, um outro policial se feriu ao saltar da van em movimento, fraturando uma das pernas. “O pior é que não muda nada. Apesar de todos esses confrontos, a estrutura continua a mesma e não temos reforço no policiamento”, reclama um policial da unidade, que pediu para não ter sua identidade revelada.

A lenta recuperação de Gilliard

O soldado Marcelo Gilliard da Silva Miranda sobreviveu ao ataque de traficantes que matou a policial militar Alda Rafael Castilho. Atingido por um tiro de fuzil na perna esquerda, ele começou a enfrentar uma longa luta para se recuperar.

Marcelo Gilliard%2C de 32 anos%2C no Hospital da PM%3A ‘Pedi a Deus para não levar um tiro na cabeça’Herculano Barreto Filho / Agência O Dia

Internado no Hospital Central da Polícia Militar (HCPM), no Estácio, ele vai ao centro cirúrgico a cada 48 horas e recebe anestesia para limpeza de resíduos. “Ele sente muita dor, porque o buraco é bem grande. Para os médicos, foi um milagre ele ter sobrevivido”, comentou o irmão do PM, Claudio Marcio da Silva Miranda, ontem à tarde, enquanto Gilliard dormia depois da sessão de limpeza.

O soldado enfrentará um lento processo de cicatrização da ferida, para colocar enxerto e fazer uma cirurgia plástica. Ele foi baleado quando estava no contêiner da UPP, no segundo ataque à base da unidade.

Na madrugada de 13 de fevereiro de 2013, o contêiner foi alvo de tiros dados por traficantes. Na ocasião, ninguém ficou ferido. Colegas de farda lamentam a morte da soldado Alda e cobram providências. “Não queremos que seja mais um número nas estatísticas. Espero que a gente consiga prender os responsáveis”, disse um policial.

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