Rio - Folia, diversão e muita euforia. O Carnaval é bastante conhecido por essas características. Mas o que acontece quando essa alegria se torna compulsória? Como fica quem não gosta desse período e, muitas vezes, é taxado de chato ou mal-humorado? Estudioso das relações humanas e sociais, o professor de Filosofia da USP Luiz Felipe Pondé responde a essas perguntas.
— O Carnaval pode significar tristeza?
— Para quem não gosta, sem dúvida. O Carnaval traz uma série de situações — trânsito desviado, pessoas urinando na rua, barulho — que passam longe de serem positivas. Mas quem gosta desse período acha que a alegria dessa época é meio que obrigatória e que quem não concorda com isso é chato ou esnobe, o que é uma maneira muito superficial de ver a situação.
— Então o Carnaval pode ser autoritário?
— Sim. Assim como qualquer outra grande ocupação de espaço público por parte do povo — e aqui me refiro ao povo como multidão e não como classe social —, ele pode ser bastante autoritário. O Carnaval tem essa característica de catarse desde suas origens europeias, onde a euforia e a alegria já eram quase compulsórias. Mas é preciso deixar claro que nem todos estão a fim de entrar nessa e que isso precisa ser respeitado.