Por bianca.lobianco

Rio - O corpo do cinegrafista da Rede Bandeirantes Santiago Andrade que teve morte cerebral nesta segunda, será velado na próxima quinta-feira no cemitério Mememorial do Carmo, no Caju, na Zona Portuária. O velório será aberto ao público, das 7h às 11h. Após esse horário, a cerimônia será restrita apenas para a família até as 12h. Em seguida, o corpo será cremado.

Santiago tinha 20 anos na profissão e dois prêmios de Jornalismo por coberturas de mobilidade urbana Reprodução Internet

Santiago foi atingido por um rojão na cabeça durante manifestação nas ruas do Centro na última quinta-feira. Ele sofreu afundamento de crânio, foi submetido à cirurgia e ficou quatro dias internado no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital Municipal Souza Aguiar. A família do cinegrafista autorizou a doação dos órgãos.

'Sou a continuação do meu pai', diz filha de cinegrafista

A jornalista Vanessa Andrade, filha de Santiago, falou pela primeira vez à imprensa sobre a morte do pai. Em entrevista ao programa "Encontro com Fátima Bernardes", Vanessa disse que ainda é muito difícil aceitar a perda de Santiago, tão jovem como ela. "A gente nem sabe ao certo onde começa a doer, pois todos os lugares dói. É assim que me sinto agora. Parece que ainda não caiu a ficha"

Sobre o seu trabalho como jornalista, apesar da perda, ela falou que a tragédia não irá abate-la na profissão e que vai continuar o trabalho de seu pai. 

"Quando o vi pela primeira vez após a cirurgia, com o corpo muito inchado, a cabeça muito inchada, eu disse a ele: 'você veio para ser inesquecível e eu vou continuar esse trabalho'. (...) eu vou continuar, não me abala, não. As pessoas precisam saber que a imprensa está aí, vai lutar, continuar mostrando. Infelizmente aconteceu com meu pai, mas sou a continuação dele. Vou levar o nome dele para que todo mundo tenha orgulho dele assim como eu", disse.

Polícia divulga foto de suspeito de atingir Santiago

Policiais da 17ª DP (São Cristóvão) divulgaram, nesta terça-feira, a foto do suspeito de acender o rojão que matou o cinegrafista da Rede Bandeirantes. O mandado de prisão por homicídio doloso qualificado por uso de explosivo contra Caio Silva de Souza, de 23 anos, foi expedido na noite desta segunda-feira pela Justiça.

O suspeito foi reconhecido por meio de foto e vídeo por Fábio Raposo, preso anteontem e indiciado como coautor do crime. As imagens foram levadas à Penitenciária Bandeira Stampa, no Complexo de Gericinó. Fábio aparece nos vídeos entregando o material explosivo ao suspeito, instantes antes da explosão.

Caio Silva de Souza, de 23 anos, é o suspeito de atingir Santiago Andrade com um rojãoDivulgação

O advogado de Fábio, Jonas Tadeu Nunes, esteve na tarde desta segunda na 17ª DP para entregar o nome do suspeito ao delegado. No entanto, mais cedo, ele disse que não foi o seu cliente o responsável pela identificação do suspeito. Segundo ele, Fábio apenas o conhecia por apelido e indicou um amigo que teria contato com o suspeito. “Ele não teve dúvida em reconhecê-lo. Já tínhamos informações sobre ele, mas precisávamos de uma confirmação. O reconhecimento foi fundamental”, enfatizou o delegado Maurício Luciano, em entrevista coletiva.

No primeiro depoimento, Fábio alegou que não conhecia o suspeito, mas mudou a sua versão e decidiu colaborar com as investigações. Ele disse à polícia que não tinha uma relação de amizade com o suspeito, mas o conhece de outras manifestações. De acordo com o depoimento, o suspeito possui um perfil violento. “A intenção dele era ferir ou matar os policiais. Infelizmente, o Santiago foi colocado na linha de tiro”, disse o delegado.

O suspeito foi indiciado por homicídio doloso (quando há intenção de matar) qualificado pelo uso de explosivo, com pena de até 35 anos de prisão. Se for comprovada uma ligação dele com os black blocs — uma ‘organização criminosa’, segundo a polícia — a pena pode ter seis anos de acréscimo. O suspeito tem duas passagens pela polícia. Em uma delas, ele se identificou como vítima por ter supostamente sofrido agressões em uma manifestação. No outro registro, é citado como autor de um crime de menor potencial ofensivo, que não foi detalhado.

Você pode gostar