Por thiago.antunes

Rio - O Ministério Público do Rio recebeu, na tarde desta sexta-feira, o inquérito sobre a morte do cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, atingido por um rojão durante um protesto na última quinta-feira, no Centro do Rio. Caio Silva de Souza e Fábio Raposo, acusados de portar e lançar o explosivo, estão presos no Complexo de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste do Rio. Ambos foram indiciados por homicídio doloso (quando há intenção de matar).

O delegado Maurício Luciano, da 17ª DP (São Cristóvão) pedirá também que as prisões de Fabio Raposo e Caio Silva de Souza, acusados da morte de Santiago, sejam convertidas de temporária para preventiva. Em entrevista coletiva na última quinta-feira, Maurício Luciano disse não ter dúvidas de que Caio Silva de Souza, 23 anos, causou diretamente a morte do cinegrafista.

"O Caio foi a pessoa que causou diretamente a morte do Santiago. Um colega dele, que trabalha no Hospital Rocha Faria, recebeu uma ligação às 19h30, no mesmo dia do protesto, onde ele revelou 'acho que fiz besteira, matei alguém'", afirmou o delegado em coletiva na 17ª DP.

Maurício Luciano afirmou ainda que não tem conhecimento do teor do depoimento de Caio e Fábio Raposo, que confessou passar o explosivo para o auxiliar de serviços gerais, mas disse que isto não interfere no inquérito que será enviado ao Ministério Público. "O trabalho entre o Caio e o Fábio Raposo foi em conjunto, para atingirem um objetivo. A divergência é de pormenores. Ambos afirmam que estavam lá, mas isso não tem importância. O que interessa é que ambos estavam na cena do crime e colaboraram com uma cena em comum", diz.

Santiago Andrade%2C 49%2C foi atingido por rojão na cabeça%2C quinta-feiraReprodução

Polícia investiga planilha com supostas doações a ativistas

Uma planilha que expôs supostas doações de políticos e autoridades a ativistas será investigada pela Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI). Em nota, a Polícia Civil disse que ‘vai trabalhar para descobrir se o dinheiro foi usado para financiar atos criminosos em manifestações’. E que também vai buscar provas das denúncias de que manifestantes têm sido aliciados para participar de protestos.

A tabela foi divulgada no YouTube pelo ativista Cleyton Carlos, o Coringa, e traz dados de ajuda financeira para ato organizado pelo grupo de Elisa Quadros, a Sininho. Ativista que entrou em cena nos protestos do ano passado no Rio, Sininho prestou contas num grupo fechado no Facebook de doações feitas por dois vereadores do Psol, um delegado e um juiz.

Caio confirmou à TV Globo que acendeu rojão. À polícia%2C disse que só falará em juízoCarlos Moraes / Agência O Dia

Segundo a contabilidade de Sininho, os vereadores Renato Cinco e Jefferson Moura contribuíram, respectivamente, com R$ 300 e R$ 400 para o ‘Mais Amor, Menos Capital’, que em dezembro ofereceu ceia de Natal a moradores de rua.

Em nota divulgada por sua assessoria de imprensa, Cinco não nega a contribuição, mas explica: “Os R$ 300 não foram destinados aos black blocs. O dinheiro foi usado para comprar alimentos para a ‘Ceia dos Excluídos’, na noite do dia 23 de dezembro de 2013. O objetivo era oferecer um jantar natalino a moradores de rua na Cinelândia. Tanto que a lista inclui água, gelo, pão, rabanada e toalha de papel”.

Jefferson Moura explicou ao DIA que a doação foi feita por funcionários de seu gabinete no dia 18 de dezembro a uma jovem que se identificou como ‘Pamela’ — como confirma a planilha de Sininho. O dinheiro, segundo o vereador, seria para ‘uma atividade de Natal para a população de rua’. Jefferson também se manifestou sobre protestos violentos: “A violência autoritária se relaciona com o fascismo e não leva a nenhum processo de mudança.”


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