Por thiago.antunes

Rio - Desde pequenos somos educados para nos defender. Seja do coleguinha que gosta de distribuir uns tapas ou, mais tarde, na adolescência, daquele que dá em cima da pessoa na qual estamos interessados, ou ainda, na fase adulta, do sujeito que quer puxar nosso tapete no trabalho. Isso parece uma lei de sobrevivência, já se deu conta?

Armar a defesa do que o outro pode contra nós é como um invólucro protetor, que tenta impedir que nos firamos. Mas às vezes eu me questiono sobre se não é esse constante estado de alerta, sobre o que os que estão ao nosso redor podem nos causar, que nos ensina a ser autossuficientes...

Fico com a sensação de que a autossuficiência — que nos leva a não querer contar com o outro, a resolver tudo conforme as nossas próprias ideias, a nos bastar a nós mesmos — gera em nós o orgulho. Já que, ao invés de nos abrir para o encontro com os irmãos, nos fecha. A partir daí, vamos nos sentindo sozinhos, só podemos contar conosco mesmo. E então assumimos que somos os melhores, os mais bem resolvidos, os que não precisam de ajuda e algumas vezes até ostentamos, além de ser o que não somos, ter o que não temos. Mas será que Deus sonhou isso para a gente?

Eu e você precisamos perceber que o Senhor nunca nos quis sozinhos! Por isso mesmo já nascemos numa família e inseridos em uma sociedade. Precisamos uns dos outros desde o momento da concepção... Ou você acha que sem o material genético da sua mãe e do seu pai você existiria?

Você precisou de quem te alimentasse, cuidasse da sua higiene, ensinasse a se comunicar, a andar, te desse educação, atenção, amor, emprego, oportunidade de crescer, de constituir família... É fato que ninguém consegue nada sozinho! Para que tanto orgulho, então? Será que esse posicionamento, no fundo, não está só escondendo o medo de sofrer e se decepcionar com as pessoas?

A Palavra de Deus nos ensina que: “A caridade não é orgulhosa.” (I Cor 13, 1b) Quando a gente reconhece que depende, primeiramente, de Deus — porque sem Ele nada dá certo — e que precisa dos irmãos, o orgulho deixa de nos dominar. Reconhecemos que, na verdade, somos todos iguais. Nossa vida é tão breve...

Nem sabemos quanto tempo temos pela frente; então, por que não bem viver ao lado dos que Deus nos concedeu? Neste ano em que nossa Arquidiocese é convidada à caridade, proponho, como ato concreto para esta semana, visita a enfermo em fase terminal. Vá e, se possível, ouça sua história de vida. Vai ser uma experiência incrível, ainda que triste, tenho certeza! Partilho com você que eu nunca fiz uma visita sem que Deus falasse ao meu coração por meio do que eu vi e ouvi, na presença do irmão debilitado.

Os melhores mestres para a aula “Ser orgulhoso não vale a pena” são os enfermos que sabem que sua jornada está chegando ao fim. Geralmente a própria doença ensina que o orgulho não constrói, porque a vida é efêmera e dela não levamos nada. Eu quero deixar de lado o orgulho. E você, topa o desafio de reconhecer que precisa dos outros? Então, ‘tamu junto’!

Padre Omar é o Reitor do Santuário do Cristo Redentor do Corcovado. Faça perguntas ao Padre Omar pelo e-mail padreomar@padreomar.com. Acesse também www.padreomar.com e www.facebook.com/padreomarraposo

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