Rio - Uma fileira que vai do Rio a São Paulo, formada por 101.419 carros estacionados irregularmente. Esta é a quantidade de veículos que a prefeitura multou após ligações ao sistema de atendimento 1746, desde a sua criação, há três anos. Se o número parece alto, imagine 17 Maracanãs lotados de entulho? Ou alguém que, incomodado com os problemas do bairro, ligue 256 vezes pedindo reparos na rua, troca de lâmpada, capina, poda...?
Campo Grande é o bairro com o maior número de ligações (126. 438). O que os moradores mais pedem é o conserto de lâmpadas apagadas, seguido por remoção de entulhos e fiscalização de veículos estacionados irregularmente. O bairro é campeão em outro quesito inusitado — a retirada de cobras. Foram 19 em três anos. Em seguida, vêm Jacarepaguá (14) e Recreio dos Bandeirantes (10).
Já o Joá é o bairro com o maior número de solicitações, quando se considera a relação de habitante por ligação: 1,3. Em três anos, em toda a cidade, foram 2,5 milhões de serviços solicitados, num universo de 9,2 milhões de ligações. A média é de 300 mil telefonemas por mês. Uma pesquisa feita pelo Ibope mostra que 21% da população já conhece o número.
O secretário municipal da Casa Civil, Pedro Paulo Teixeira, disse que está satisfeito com os resultados, mas há o que melhorar. “Ainda há serviços, como a poda de árvore, que deixam a desejar. A diminuição do tempo no combate ao estacionamento irregular, de quatro horas para meia hora, foi importante”, disse ele, que anunciou para hoje um novo site do 1746. “Nesta página, a pessoa vai poder digitar o protocolo e acompanhar a execução do serviço.”
Segundo Pedro Paulo, algumas demandas geraram iniciativas da prefeitura. É o que aconteceu após um Pai de Santo ligar para perguntar se seria multado no Lixo Zero por suas oferendas. “Isso fez com que a gente abrisse esta exceção para o programa de recolhimento de lixo”.
‘Reclamão’ tem seu dia de ouvinte
Ontem, quando a prefeitura comemorou três anos do serviço, o “reclamão” mais conhecido dos atendentes foi homenageado. O aposentado Fernando Antonio Ferreira da Silva, 63 anos, morador do Parque Real, em Realengo, saiu do prédio do telemarketing com o título de ‘Prefeito honorário da Central 1746’.
“A última vez que recorri ao número foi para falar de pontos de luz apagados”, diz ele, colocado para atender uma ligação para saber como é a rotina dos atendentes.