Rio - A empresária Tânia Magda de Oliveira, de 47 anos, morreu após levar tiro no peito durante tentativa de assalto na Penha, no final da manhã de ontem. Moradora da Rua Uranos, ela seguia para casa e estava parada num sinal próximo à estação de trem, na Rua José Maurício, quando um assaltante bateu com a pistola duas vezes no vidro da janela do motorista.
“Ela estava distraída, falando no celular, e nem percebeu. Ele deu um tiro no vidro e abriu a porta do carro. Ela caiu no chão, e ele entrou”, relatou o vigilante José Roberto Motta, de 43, que presenciou o crime. “Ele ainda tentou levar o veículo, mas o carro era automático, e ele não conseguia ir pra frente. Só dava ré. Até que, de repente, resolveu fugir, correndo pela contramão. Os dois comparsas dele atravessaram a rua e fugiram pelo buraco que sai do outro lado da linha do trem”, contou.
Ele disse que, em um reflexo que não soube explicar, saiu correndo em perseguição ao atirador. Ao se deparar com um carro do 16º BPM (Olaria), o vigilante pediu ajuda e foi acompanhado por um policial, conseguindo alcançar e deter o criminoso — um menor de 16 anos de idade. No momento em que foi pego, o adolescente teria dito: “Não façam nada comigo porque meu pai é polícia.”
Com ele, o PM apreendeu a pistola 9mm usada no crime. Um dos comparsas do menor, identificado como Thales Matheus Silva Costa Martins, de 18, foi preso na Rua Nicarágua. Os dois são moradores da Favela Cidade Alta, em Cordovil. O terceiro criminoso conseguiu fugir.
“Não sei por que tive essa reação, nem sei como consegui correr tanto. Sei que eu podia ter levado um tiro também, mas não me arrependo”, declarou o vigilante, que ao chegar à Divisão de Homicídios (DH) para testemunhar descobriu que o irmão da vítima era seu amigo de adolescência.
No momento do assalto, bombeiros estavam três carros atrás do EcoSport branco da empresária, quando seguiam para socorrer uma pessoa que havia caído de uma escada. Eles ainda a levaram para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, a poucos metros do local, mas ela não resistiu. “O bandido ainda apontou a pistola em nossa direção, mas correu. Nossa preocupação era prestar os primeiros socorros”, contou um dos bombeiros.
ISP registrou mais de um roubo por dia
Em dezembro, segundo o Instituto de Segurança Pública, houve 52 roubos de veículos na área da 22ª DP (Penha) — mais de um por dia. Ontem, o crime ocorreu pouco antes das 11h em uma rua movimentada do bairro. A polícia apura se o trio pretendia roubar o carro para fazer um ‘bonde’ até Japeri, na Baixada, onde compraria drogas para revender na Cidade Alta.
Reportagem Roberta Trindade