Rio - O italiano Francesco Ricci Bitti, presidente da Associação de Federações Olímpicas Internacionais (Asoif, em inglês) e membro do Comitê Olímpico Internacional (COI), fez duras críticas ontem aos atrasos na construção e reforma de equipamentos para a Rio 2016. As declarações foram dirigidas aos integrantes do COI em conferência em Belek, na Turquia.
Ricci Bitti cobrou a aceleração das obras, disse que os governantes brasileiros não estariam cooperando para o avanços necessários e que a suposta culpa pelos problemas é consequência de “hábitos e o estilo dos sul-americanos, que não estão acostumados a sediar grandes eventos.”
“Estamos satisfeitos com nosso relacionamento com o comitê organizador (das Olimpíadas no Rio), mas o apoio do governo é tardio e insuficiente”, criticou, afirmando que o COI pode ser flexível na questão de infraestrutura, mas não com relação às sedes esportivas. “Algumas delas estão em risco. Até para aquelas que não se consideram em risco não vemos uma noção de urgência. Temos que sentar e começar a procurar planos B (para substituir locais de disputas que, por ventura, não fiquem prontos)”, alertou.
O presidente da Asoif defendeu mais investimentos nas obras e “menos discurso”. “O fluxo de caixa não é positivo e o apoio está atrasado e não chega. Eles (governantes) têm muito discurso, mas não dinheiro, e palavras não bastam”, opinou. “Estamos assustados. Não é um país como a China, onde você pode pedir às pessoas que trabalhem durante a noite. No Brasil, não é possível. O governo precisa mudar a velocidade. Temos que agir agora porque, se esperarmos mais seis meses, olhando a inatividade do governo, acho que pode ficar muito sério.”
As cobranças de Ricci Bitti causaram reações. Como informou a agência Associated Press, Agberto Guimãres, diretor executivo de Esportes e Integração Paralímpica, teria dito: “Ainda acho que podemos resolver isso e sediar grandes jogos. Por favor, me ajudem a sair disso vivo e bem.” O prefeito Eduardo Paes ironizou: “Não foi o COI, foi o presidente da Federação de Tênis. E o estádio dele (onde haverá competição do esporte) está mais do que em dia.”
Pedro de Lamare, presidente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes do Rio (Sindrio), se mostrou preocupado: “Para a imagem da cidade é muito ruim, porque mostra a incapacidade de planejamento de fazer as coisas dentro do prazo. Precisamos saber se esta declaração é uma posição oficial do COI.” O Comitê Rio 2016 e a Empresa Olímpica Municipal ainda não se pronunciaram.
Copa: policiais são treinados
Mais de 1.200 policiais civis e militares já foram treinados para gerenciar crises, controlar distúrbios e usar armamentos de menor potencial ofensivo durante a Copa do Mundo. A capacitação dos agentes faz parte de convênios firmados com a Embaixada dos Estados Unidos e da Espanha.
Ontem, o Consulado Americano afirmou que está colaborando com a segurança pública para garantir, principalmente, a proteção dos cidadãos americanos que virão para os jogos. O Consulado dos Estados Unidos no Rio disse que foram enviados agentes de segurança diplomática para cooperar com autoridades policiais e de segurança do país. A colaboração se dará principalmente na troca de experiências, já que as autoridades brasileiras serão as responsáveis pela segurança dos jogos.
O governo dos EUA acrescentou que a cooperação tem sido feita com todas as 12 cidades-sedes. O Consulado afirmou que esse é um procedimento padrão que ocorre em todos os grandes eventos esportivos, como as Olimpíadas de Londres, em 2012.
Segundo números da Fifa, os americanos serão a segunda maior torcida, atrás apenas dos brasileiros. A preocupação se estende aos atletas da seleção, patrocinadores do evento, executivos de grandes empresas e integrantes da imprensa dos EUA que ficarão no Brasil por um período longo.
Copa das Confederações deixou R$ 6 bi para o Rio
A realização da Copa das Confederações foi uma “bola dentro” na economia carioca. Das 12 cidades-sedes, o Rio de Janeiro foi a que mais recebeu recursos: R$ 6 bilhões, dos R$ 20,7 bilhões movimentados em todo o país até a véspera do início do torneio, que começou em junho. Na capital fluminense, turistas brasileiros e estrangeiros deixaram R$ 160 milhões.
Segundo estudo do Ministério do Turismo, realizado por meio da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a cidade registrou também a maior geração de empregos (89 mil) entre as sedes. Nas 12 capitais, foram criados 303 mil postos de trabalho, levando em consideração horas extras de trabalhadores efetivos e o tempo de contratação de temporários e de novos funcionários.
O resultado mostra que os investimentos no torneio não se restringem aos locais onde são realizados os jogos.“Eles impactam todo o país”, afirma o ministro do Turismo, Vinicius Lages. Segundo ele, a expectativa é que a Copa do Mundo movimente três vezes mais esse valor.
De fato, a pesquisa , feita a partir de entrevistas com 17 mil pessoas, mostrou que a Copa das Confederações injetou dinheiro até fora das cidades-sedes. Do total, 40% do faturamento com o evento esportivo ficaram nas 12 capitais e 60% no restante do país, com a compra, por exemplo, de produtos agrícolas e de materiais não produzidos nas cidades-sede e a utilização de serviços disponíveis em outras localidades.
De acordo com o estudo, a movimentação financeira gerou um acréscimo de R$ 9,7 bilhões ao PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Para chegar ao cálculo do montante gerado para a economia brasileira, pesquisadores da Fipe analisaram o impacto inicial de cada real investido no evento. Como base, utilizou-se a soma dos desembolsos totais dos turistas nacionais (R$ 346 milhões), dos turistas estrangeiros (R$ 102 milhões), dos investimentos na organização do evento (R$ 311 milhões) e do valor aplicado nas obras de infraestrutura privada e pública (R$ 9,2 bilhões).