Rio - Entre tantas cores e personagens exóticos encarnados por torcedores, uma atração também vira protagonista desta Copa: os brados. Os famosos gritos de torcidas tomam os estádios, as ruas, e grudam na cabeça até dos rivais. Ontem, durante a exibição da partida entre Estados Unidos e Alemanha, na Fifa Fan Fest, americanos entoavam “I believe… I believe that we will win” (eu acredito que vamos ganhar), além do ‘obrigatório’ “USA”. Dos vizinhos chilenos, o “Chi chi chi, lê , lê, lê, Viva Chile” já é um dos mais conhecidos.
Mas é claro que o clima amistoso ia dar lugar a uma provocação hermana — com direito a resposta verde e amarela. ‘Brasil, decime que se siente’ (Brasil, diga o que sente), uma música criada pelos argentinos, especialmente para os brasileiros, vem ganhando cada vez mais a torcida rival e tomou o Maracanã, na vitória de 2 a 1 contra a Bósnia, no dia 15.

A canção, que promete marcar o Mundial, brinca com a derrota brasileira para a Argentina, em 1990, na Itália, e que tirou a seleção canarinho do Mundial. A música reverencia Messi e finaliza com uma velha provocação: “Maradona é maior do que Pelé.” Os brasileiros, por sua vez, soltaram em um só refrão: “Argentino, argentino, me diz como é que é: a Argentina tem duas Copas, uma a menos que Pelé.”
“Vai dar final Brasil e Argentina, e nós vamos ganhar”, brincou o fotógrafo argentino Néstor Beremblum, de 42 anos, acirrando ainda mais a rivalidade. “Essas zoações entre argentinos e brasileiros são clássicas. E a nossa resposta mostra que estamos bem no clima do Mundial”, disse o estudante Márcio Dantas, 27.
A americana Claire Moore, 25, vibra com o ‘I believe’: “As músicas criam uma identidade da torcida e do time e fazem parte da festa.”
Adversários torcem lado a lado
A vitória foi alemã, mas os americanos eram a maioria nas areias da Fifa Fan Fest, com direito a personagens como o Capitão América. Nada que impedisse os germânicos, que também marcaram presença no evento, de comemorar o resultado do jogo.
“Já assisti a um jogo da Alemanha e estarei em uma partida nas oitavas de final. Hoje, a emoção foi aqui, torcendo ao lado dos nossos rivais”, contou o estudante alemão Moritz Gutbrol, de 22 anos.
A tensão dos torcedores foi aliviada durante o intervalo da partida, quando Ronaldo Fenômeno visitou a arena. “Sejam bem-vindos. Espero que aproveitem nossas cidades, nosso país”, disse o ex-jogador, no palco da festa.