Por paloma.savedra

Rio - Amigos e parentes do escritor João Ubaldo Ribeiro, que morreu na madrugada desta sexta-feira, no Rio, vítima de embolia pulmonar, se emocionaram no velório do acadêmico, que começou às 13h, na Academia Brasileira de Letras (ABL), no Centro. Sétimo ocupante da cadeira número 34 da ABL, o autor escreveu mais de 20 livros, publicados em 16 países. Ele faleceu dentro de sua residência, no Leblon.

Emoção marca velório do acadêmico João Ubaldo Ribeiro, na ABL

Esposa de João Ubaldo Ribeiro, Berenice Batella se despede do escritor no velório realizado na ABLDaniel Scelza/Agência O Dia

A ABL decretou luto de três dias pela morte do acadêmico e determinou que a bandeira da Academia seja hasteada a meio mastro. A despedida, que é aberta ao público e acontece no Salão dos Poetas Românticos até as 19h, teve a presença do presidente da academia, Geraldo Holanda Cavalcanti. As duas filhas do escritor também acompanham o velório. 

Durante a despedida, além dos parentes, alguns amigos tiveram de ser consolados. Todos foram prestaram homenagens e solidariedade à familia do escritor, considerado um dos maiores do país. 

Confira fotos do romancista durante sua carreira

Geraldo Holanda Cavalcanti, presidente da ABL

"É uma grande perda para a Academia, para o romance e o jornalismo nacionais . João Ubaldo Ribeiro deixa uma obra de excelência. Estamos todos muito chocados com a notícia”, declarou Cavalcanti, assim que recebeu a notícia.

Domingos de Oliveira, escritor e diretor

"Foi uma perda enorme de um dos maiores escritores que o país já teve. Vendo ele no caixão, achei que que estava com um sorriso de aceitação. Ele é insubstituível, vai fazer muita falta. Quando recebi a notícia da morte dele, fiquei com muita raiva da condição humana. É injusto um homem como ele ir embora assim. João era uma acadêmico e também um homem do povo. O maior legado que ele deixa é que é preciso resisitir.

Antonio Torres, escritor 

"A morte dele me pegou de surpresa. Ainda não me refiz do choque. Vai-se o homem, fica-se o legado, que é imenso. João é um dos maiores autores desta geração. Deixa obras consistentes em vários gêneros"

Valéria dos Santos, secretária de João Ubaldo 

"Ele esteve internado em maio durante cinco dias no Hospital Samaritano com problemas respiratórios. O médico pediu que ele parasse de fumar, mas ele não parou"

Bento Ribeiro, filho de João Ubaldo 

"Ele era um pai muito legal. Tenho lembranças da minha infância de quando morei em Itaparica com ele. A morte foi muuito triste e inesperada, mas pelo menos ele pode curtir um pouco o ser avô (o filho de Bento tem cinco meses). Meu pai sempre queria produzir e se orgulhava muito da cultura brasileira. Eele estava escrebvendo um romance , já estava na metade. Era uma história carioca, de bares"

Mauro Ribeiro Filho, irmão mais novo de João Ubaldo

"Nosso pai queria que ele fosse advogado e funcionário público. João brigava com ele, diziia que ia viver da pena. Lembro muito dos choques entre os dois. Ele aprendeu inglês sozinho, era autodidata. Gostava de futebol, era torcedor doente do Vitória (da Bahia). Era devoto fervoroso de Nossa Senhora do Perpeto Socorro. Vou me lembrar dele sempre com muito amor e carinho.

Zuenir Ventur, escritor e jornalista 

"Vou me lembrar dele sempre com carinho e humor. Ninguém ficava cinco minutos perto dele sem rir. Ele tinha uma presença muito forte. Era afetuoso e generoso com os amigos. Mais do que contar histórias, ele ouvia as histórias dos amigos. Minha primeira reação ao saber da morte dele foi de incredulidade. Ele deixa uma obra vasta, mas a presença dele não tem como preencher. Os dois maiores legados que ele deixa são: como cronista, a independência do olhar, e como romancista, a originalidade"

Fernanda Torres, atriz

"Ele é o homem, o mito. Quem conheceu sabe o homem extraordinário que ele, um contador de história com poder encantatório. João Ubaldo era erudito, inteligente, de pensamento livre. E ele conviveu com Gláuber, Caymmi, Jorge Amado. Encontrei-me com ele três semanas atrás. Precisei de um amigo e ele foi incrível. Ele era assim com os amigos, totalmente afetuoso, de candura, de calor humano e afeto impressionante."

Domício Proença Filho, secretario geral ABL 

"João deixa uma obra muito representativa e séria. Ele falava da realidade do Brasil e se preocupava em falar da identidade do povo brasileiro. Ele tinha domínio raro da língua portuguesa. Era um prazer conversar com ele. Tinha bom humor e falava sério brincando. Ele não vinha muito à ABL, dizia que era longe demais do Leblon"

"Literatura brasileira perde um grande nome"

Autoridades também homenagearam o escritor, ressaltaando importância de João Ubaldo Ribeiro para a cultura brasileira. Por meio de nota, a presidenta Dilma Rousseff prestou solidariedade à família do literário.

"A literatura brasileira perde um grande nome com a morte de João Ubaldo Ribeiro. Neste momento de dor, presto minha solidariedade aos familiares, amigos e leitores", declarou a presidente.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, fez referência às suas obras: "O Rio de Janeiro perde um carioca de coração. João Ubaldo adotou a cidade – e o Leblon – para viver e nos presenteou com seus romances e crônicas. Os livros “Sargento Getúlio” e “Viva o povo brasileiro” são referências literárias e constam na lista dos cem melhores romances brasileiros. João Ubaldo deixará saudade. É uma perda para a literatura brasileira".

Filho do escritor, ator Bento Ribeiro homenageia o pai em rede social

Você pode gostar