Rio - Em novo trecho do vídeo feito pelas câmeras da viatura 1651 da PM, mostrado neste domingo pelo programa ‘Fantástico’, da TV Globo, os dois policiais acusados pela morte de um jovem e de tentativa de homicídio de outro, conversam sobre a possibilidade de executar mais vítimas.
Pelo diálogo dos cabos Vinicius Lima Vieira e Fábio Magalhães Ferreira dentro do carro, o assassinato de mais jovens que consideram infratores poderia ajudá-los no cumprimento das metas de redução de criminalidade do batalhão.
Os policiais estão presos na Unidade Prisional (antigo BEP) da corporação e foram indiciados pelo homicídio triplamente qualificado de Mateus Alves dos Santos, de 14 anos. O jovem e outros dois adolescentes foram pegos no Centro, em junho, e levados para o alto do Morro do Sumaré, na Tijuca, onde Mateus foi executado.
Nas cenas divulgadas, um dos PMs comenta: “Menos dois (menores).” O outro policial concorda e ressalta: “Se a gente fizer isso toda semana, dá pra (sic) ir diminuindo.” Em outra parte do vídeo, já na descida do Sumaré, um dos policiais conclui, acreditando que os dois menores estavam mortos, que “dá para bater meta.”
Na época do crime, os acusados alegaram que detiveram os menores porque eles estariam praticando roubos no Centro. Um adolescente, baleado na perna, escapou da execução ao se fingir de morto. O terceiro foi liberado pelos PMs por conhecer um homem que trabalhava no camelódromo da Rua Uruguaiana, que também era amigo dos militares. Antes de ser libertado, no entanto, ele foi ameaçado.
Após ouvir depoimentos de testemunhas e fazer a reconstituição do crime — que contou com a participação de um dos sobreviventes —, a Divisão de Homicídios (DH) encerrou o inquérito na semana passada e o enviou ao Ministério Público. Ainda na semana passada, a viatura usada pelos acusados apareceu depenada no pátio da DH. Na reportagem da TV, o coordenador de Comunicação da PM, coronel Cláudio Souza, afirma que já estava previsto que o veículo fosse retirado de circulação e que a depredação, de acordo com a Corregedoria da corporação, não atrapalhou as investigações.
O HD com as imagens das câmeras foi preservado. “Fiquei chocada. Era peça importante da investigação”, comentou à TV a promotora do caso, Carmem Eliza Castos de Carvalho. Ela ressaltou que, o fato de um trecho do ocorrido não ter sido gravado — já que a câmera para de gravar depois de um tempo que o motor do carro é desligado —, não impediu que o material ajudasse nas investigações. “Mostra o antes e o depois”, concluiu.