Por felipe.martins

Rio - A Justiça decretou nesta segunda-feira a prisão preventiva dos seis policiais militares acusados de executar dois moradores do Morro do Fogueteiro, em Santa Teresa, sábado. Presos pelas mortes de Vitor Luiz Rodrigues, de 38 anos, e Rafael de Souza Azerbinato, de 24, os PMs da UPP local são acusados por testemunhas de recolherem cápsulas e projéteis no chão e em paredes do beco da Rua Eliseu Visconti para desfazer a cena do crime.

Segundo o promotor Marcos Kac, os policiais também são acusados de mexer no corpo de Vitor. Nenhum dos dois tinha passagem pela polícia.“Eles teriam colhido estes projéteis do chão e das paredes. Por isso entendi que existiam elementos suficientes da suspeita de homicídio”, informou Kac, que requisitou a prisão dos seis ainda no plantão judiciário de domingo.

Um dos PMs afirmou em depoimento na 5ª DP (Mem de Sá) que efetuou pelo menos 18 disparos de fuzil. Um vídeo mostra policiais utilizando luvas cirúrgicas na cena do crime. “Tinha um pedaço de chumbo no meu pé. Mas quando me abaixei, o PM me empurrou e pegou primeiro”, disse testemunha que compareceu ontem à delegacia.

A tia de Rafael%2C Cristiane Gomes%2C ao lado dos amigos e familiares, protestaram no velórioMaíra Coelho / Agência O Dia

Outra moradora contou aos investigadores que estava na porta de casa quando tudo aconteceu. Ela reconheceu o policial que atirou no Vitor. “Ele vinha com duas crianças quando os PMs acertaram a sua perna. Ele gritou pelas crianças e ainda disse que era trabalhador. Mas os policiais atiraram na cabeça. Uma das crianças chegou a urinar no meu colo”. Vinicius Castro Nascimento, Antônio Carlos Roberto, Adriano Costa Bastos, Raoni Santos Lima, Roberto do Nascimento Barreto e Cezar Rodrigo Pavão Duarte estão presos na Unidade Prisional, antigo BEP, em Benfica.

Tiros para dispersar grupo

Logo depois da morte de Vitor, um grupo de pessoas teria cercado o local para evitar que os PMs desfizessem a cena do crime. Alguns policiais teria começado a disparar para o alto a fim de tentar dispersar a multidão. “Eles não fizeram disparos para cima, mas sim na direção das casas, na parte alta. Assim que pararam de atirar, os parentes do Rafael começaram a gritar que ele estava morto”, contou um morador em depoimento.

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