Rio - Para a prefeita de Campos dos Goytacazes, Rosinha Garotinho, a nova gestão que assumir o governo do Rio precisa remodelar as UPPs e voltar a investir no interior. Em entrevista ao DIA, a ex-governadora e mulher do atual candidato do PR ao Palácio Guanabara, Anthony Garotinho, afirmou que acredita que o marido tem condições de manter um bom diálogo nos próximos quatro anos com o governo federal, seja com Dilma Rousseff ou com Aécio Neves.
Para ela, a alta rejeição à candidatura do marido tem origem nos projetos sociais criados por ele e que são tratados com preconceito.
O DIA: Por que as pesquisas mostram tanta rejeição ao Garotinho?
Algumas pessoas consideram projetos sociais demagógicos e populistas. Agora só é demagogo e populista para o Garotinho. Quando ele foi prefeito em Campos, ele criou o primeiro clube da terceira idade do Brasil. Isso quando ninguém falava em terceira idade. Depois copiaram como centro de convivência e hoje tem em todos os lugares. No governo do estado, ele criou o Paif (Programa de Atendimento Integral à Família) e o governo federal copiou com o mesmo nome. Depois, ele fez o cheque cidadão e o governo federal copiou como bolsa família. Ele criou os restaurantes populares e o governo copiou como Fome Zero. Para o Garotinho é demagogo, para o governo federal é grande alcance social. Para as empresas é responsabilidade social. Ou é demagogia para todo mundo ou é responsabilidade social para todo mundo. Mas se criou um carimbo nele porque alguém sempre tem que ser um cristo para pagar o pato.
A relação tensa com a imprensa prejudica?
Parte da imprensa coloca as pessoas do jeito que quer porque não dá direito de resposta. Nós ganhamos muitos recursos de um outro jornal e outra TV porque eles preferem pagar indenização do que colocar as respostas. O que o Garotinho reclama da imprensa não é falar que o problema existe. É inventar as histórias e não deixar ele responder. Tanto é que nós temos dinheiro guardado hoje da época que ele vem ganhando indenização. Parte da imprensa forma opinião daquelas pessoas que fazem a leitura daquele jornal.
Os problemas na segurança podem ter relação com esse desgaste?
Segurança sempre tem que criar coisas para continuar a combater. Só que de lá para cá não foi criado nada. A UPP já existia no governo do Garotinho só que com outro nome que era o GPAI. Mas era diferente, era para prender bandido não era para ficar ali só marcando posição.
A senhora acha que a UPP tem que acabar?
Acabar não. Tem que remodelar. Tem que prender. A polícia tá ali dentro. A UPP não prende nada. Tá mandando tudo para o interior.
Os municípios do interior passam por dificuldades?
Campos não tem nada. As estradas do estado estão arrasadas.
Faltou verba do estado para os municípios?
Faltou. O Pezão está dando agora verba para os prefeitos. Às vésperas da eleição, prometendo obra, parceria, tudo agora. A gente tinha o Programa de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios (Padem), na época do Garotinho, e eu dei continuidade. A gente fazia convênio para os municípios crescerem, se fortalecerem, criarem infraestrutura. As estradas, o grosso das estradas, que tem no interior, fomos nós que fizemos.
Qual é o principal problema dos municípios?
Estradas, escolas. Hoje nas escolas estaduais tem menos 176 mil alunos do que eu deixei porque se fechou muita escola. Não tem investimento.
A sua relação com o governo federal é melhor?
A minha relação com o governo federal posso dizer que foi total. Ainda que eu tenha pedido mais do que eu recebi, que todo mundo pede mais, não posso me queixar não.
É melhor que com o Lula?
O Lula só me perseguiu. Não me deu nada. Pelo contrário.
Como assim?
Não sei se porque o Garotinho não quis ser ministro dele. Não sei se ele tinha medo do Garotinho querer enfrentá-lo na eleição seguinte (para presidente). Ele tentou destruir o meu governo. A Benedita deixou de pagar a dívida do estado com a União por quatro meses. O Fernando Henrique Cardoso era presidente e não bloqueou as contas do estado. Eu fui ao Lula já eleito junto com José Dirceu e pedi a eles: ‘Eu não posso pagar por uma coisa que foi a Benedita que fez e é do seu partido, preciso de um tempo que eu vou acertar’. Eles me garantiram que não iam bloquear as contas.
Na primeira semana de janeiro, eles bloquearam. E o estado já estava sem pagar o salário de dezembro e o 13º salário. Qual foi a minha saída? Entrar na Justiça porque os funcionários iam ficar sem receber. Na semana seguinte qual foi a matéria dos principais jornais? Governadora quer briga com presidente. Começaram a dar cunho político por uma luta que era perseguição administrativa.
Mas no governo seguinte não teve essa divergência. Será que foi pessoal?
Foi pessoal a forma de tentar destruir que o Garotinho fosse um possível candidato contra ele. O mesmo medo ele não teve com o Cabral. Também esse dinheiro todo que veio não é dado não. É empréstimo. Ele (Cabral) endividou o estado todinho, muito mais do que quando o Garotinho recebeu do Marcelo Alencar.
É importante ter uma boa relação com o governo federal?
Cabral fala que ele recebeu muito dinheiro do governo federal porque ele tem um bom relacionamento para dizer que a gente não teve. Ele investiu em quê? Cadê o dinheiro? Quantas casas foram feitas na Região Serrana com o dinheiro que veio e não foram feitas?
Garotinho conseguirá manter um diálogo aberto com a Presidência?
Com a Dilma hoje eu posso dizer que os investimentos que eu tenho no município vieram via Garotinho.
E se for o Aécio?
Não sei. FHC foi um diplomata com Garotinho. Tanto que o Garotinho conseguiu renegociar a dívida da União no governo do FHC. Teve uma relação diplomática.
O PT deve ganhar a eleição presidencial no Rio como nas últimas eleições?
Olha essa eleição é um ponto de interrogação pela revolta da população, mas a gente vai por eliminação. Nós fizemos uma prévia no partido e a Dilma ganhou. É um sinal. O Eduardo Campos eu faço campanha contra porque ele quer tirar os royalties daqui. Então, lá na minha cidade, na minha região eu digo: não vote nele. O Aécio é parecido com o Cabral. O jeito e a maneira dele. Tanto pessoal como política.