Por thiago.antunes

Rio - Após perder um filho de 22 anos há três meses, que foi espancado até a morte numa briga no trabalho, Rosinete Nascimento Mendes, de 42, desta vez, chora a perda da mãe, atingida por bala perdida no peito, na manhã desta quinta-feira, numa troca de tiros entre traficantes do Chapadão, em Costa Barros, e policiais do 41º BPM (Irajá).

A comerciante Maria de Lourdes Correia do Nascimento Mendes, de 68, seguia com o marido para abrir a porta do seu pequeno comércio, por volta das 6h, quando um blindado da PM apareceu na Rua Davi Brandão. Neste momento, ela foi atingida e morreu na hora.

Policiais do 41º BPM (Irajá) montaram blitz em Costa Barros logo após a operação na manhã desta quarta-feiraFoto de leitor

Nesse horário, segundo moradores, é grande a movimentação de pessoas no Chapadão saindo de casa para o trabalho e escola. Indagada se há alguma orientação para que operações policiais não ocorram no início da manhã, a Secretaria de Segurança Pública limitou-se a dizer que ‘a decisão da parte operacional é das instituições policiais’.

A Divisão de Homicídios da Capital apreendeu as armas dos PMs, que foram encaminhadas para perícia. Eles também prestaram depoimento ontem. O laudo fica pronto em 30 dias. “Nossa família vive outra tragédia, pois é mais uma inocente vítima da violência. Há três meses, o filho da Rosinete morreu numa briga. Agora, ela perde a mãe”, lamentou Fábio Gomes, genro de Maria de Lourdes. Até ontem à noite a família não havia definido o local do enterro. De acordo com o delegado da DH André Morais, os policiais alegam que foram ‘severamente’ recebidos a tiros na entrada da comunidade.

Escolas são fechadas e grupo faz protesto

Por causa do confronto no Chapadão, 14 unidades escolares — seis colégios, quatro creches e quatro Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDIs) — fecharam as portas, deixando 4.600 alunos sem aula.

A PM informou, por meio de nota, que policiais do 41º BPM (Irajá) foram cumprir um mandado de prisão em apoio nas comunidades da Pedreira e da Quitanda, e foram recebidos a tiros. Um blindado foi alvejado nos pneus e radiador. Após a morte da comerciante, criminosos teriam ordenado que moradores fizessem um protesto na Avenida Professor Bernardino Rocha. Lá, eles fizeram barricadas e atearam fogo em lixo, sofás e em pedaços de madeira. Um ônibus foi apedrejado e ficou atravessado na rua.

O trânsito na via foi interrompido. Desesperados, motoristas abandonaram seus carros e fugiram a pé. Em 42 dias, esta é a segunda morte de um inocente em Costa Barros. Em junho, criança morreu enquanto dormia.

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