Por daniela.lima

Rio - Na cidade imortalizada pelos versos de músicos e poetas que prestam reverências às suas paisagens ensolaradas, existe quem tente resistir aos poucos dias de frio do ano da forma mais clássica. Em volta da brasa incandescente, cariocas mantêm viva a tradição de se aquecer com lareiras a lenha durante o inverno. Mas, no mundo das decorações high tech, as tradicionais chaminés de alvenaria podem ser substituídas por dutos de aço inoxidável e a lenta combustão da madeira ser dispensada com um clique, nos modelos a gás, em nome da sustentabilidade. Tudo pelo aconchego digno de uma casa de campo.

Produtor musical%2C Álvaro Socci mora no Alto da Boa Vista%3A ‘A lareira traz charme especial ao ambiente’Carlo Wrede / Agência O Dia


O produtor musical Álvaro Socci é daqueles que assumem esperar pelas raras oportunidades — como a proporcionada pelo frio da última semana na capital — para tirar o casaco do fundo do armário e reunir os amigos ao redor do calor. Morador de um condomínio a 500 metros no nível do mar, no Alto da Boa Vista, ele possui um modelo a gás, no qual pedras fazem o papel da lenha, sem espalhar fuligem ou fumaça pela casa.

“A temperatura da sala fica até 10°C mais alta. Além disso, a lareira traz um charme especial ao ambiente”. Apesar do conforto, o modelo também tem as suas desvantagens. “O valor da conta de gás chega a duplicar com o uso diário”, ponderou Álvaro. A mesma queixa é ouvida entre usuários de modelos elétricos, que proporcionam calor imediato. O mais popular tipo de lareira da atualidade, as ‘salamandras’ movidas a lenha podem ser usadas em apartamentos. “O escape da fumaça é feito com dutos, como os de exaustores e uma tampa de vidro temperado evita que fumaça e fuligem escapem”, explica a empresária Luísa Larsson, que trabalha há 22 anos no setor.

O bancário Sandro Fernando, que possui um modelo a álcool e mora em Campo Grande, por sua vez, diz que costuma usá-lo apenas como peça de decoração. “Ligo quando recebo visitas em dias de temperaturas mais amenas”, conta ele, que reclama do baixo rendimento típico dos modelos deste tipo. 

Alternativas sustentáveis e preços altos

A preocupação com a natureza, é claro, também atinge os donos de lareiras. As lenhas provenientes de replantio ou aproveitamento dos resíduos de fábricas de papel são as mais vendidas hoje no mercado. Além de terem uma queima mais lenta (e rentável), os preços são considerados atraentes. Os modelos clássicos de alvenaria, cada vez menos usados, por conta do tamanho e da necessidade de escape da fumaça, também têm sido adaptados aos novos tempos.

“Existem modelos com reaproveitamento de ar na chaminé, que utilizam o ar quente duas vezes e otimizam a queima da madeira”, explica a empresária Luisa Larrson.

De acordo com ela, os valores investidos por quem quer ter uma lareira em casa partem de R$ 3 mil e não têm limites. “Existem as peças de ferro fundido, que variam entre R$ 3 e 20 mil. Já entre os de alvenaria, o que vai ditar o preço, basicamente, é o tamanho e o material de acabamento. O valor pode girar entre R$ 7 mil e R$ 50 mil. Existem os grandes modelos, assinados por designers e decoradores renomados, feitos sob medida”, explica a empresária.

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