Rio - A principal linha de investigação da Polícia Civil para a chacina que vitimou cinco jovens — com idades entre 12 e 18 anos — em Duque de Caxias, segunda-feira à noite, aponta para um grupo de extermínio da região. Porém, destaca Pedro Henrique Brandão, delegado da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense, nenhuma possibilidade está descartada.
Um menino de 12 anos foi baleado no abdômen e está internado no Hospital Adão Pereira Nunes, em Saracuruna. De acordo com a direção da unidade de saúde, ele apresenta quadro estável e está lúcido. Ele acha que só escapou com vida do ataque no Parque Paulista porque a munição dos bandidos acabou.
Segundo Brandão, a região é violenta e alvo de disputa de traficantes rivais. “Foi uma ação de execução, com todas as características desses grupos. Os criminosos desceram do carro, efetuaram disparos, sem deixar testemunhas. Cabe agora saber de quem foi. Aquela é uma área complicada, que tem briga de facções e atuação de grupos de extermínio”, declarou ele, que completou: “Na Baixada sempre houve grupos de extermínio. Isso é histórico. Mas ainda é cedo para falarmos mais”.
As vítimas fatais foram identificadas pela polícia como: Roni Azevedo dos Santos, de 14; Denis Alberto de Jesus, de 18; Thiago Saraiva dos Santos, de 15; Rafael Gomes Alves Godinho, de 15; e Paulo Sérgio Marques da Silva, de 18.
Segundo moradores, pelo menos 20 tiros foram disparados por volta das 20h40 de segunda-feira. Cinco homens armados com roupas camufladas, a bordo de uma Fiat Uno branca e de um Corsa preto, abordaram os rapazes. Após agredir o grupo, os criminosos fizeram vários disparos fugindo em seguida. Revoltados, moradores e amigos das vítimas interditaram um trecho da Rio-Magé. Um carro que estava abandonado às margens da rodovia foi incendiado, e dois ônibus, apedrejados.
Duas vítimas tinham passagem pela polícia
Delegado assistente da DHBF, João Luís Costa afirmou que duas vítimas do atentado em Duque de Caxias tinham passagem pela polícia. “O Denis e o Paulinho (Paulo Sérgio), ambos de 18 anos, tinham passagem pela polícia por roubo à mão armada quando eram menores”, disse o delegado João Luís Costa.
Os corpos dos jovens começaram a ser velados na noite desta terça na Igreja Pentecostal Restaurando Vidas do Parque Paulista. Todas as vítimas serão sepultadas nesta quarta-feira, a partir das 9h30, no Cemitério da Taquara, em Caxias. O pai de Roni Azevedo, que preferiu ter sua identidade preservada, contou que já teve outro filho assassinado há 3 anos. “Não tenho ideia do que aconteceu, foi covarde. Ele era um menino estudioso, não tinha envolvimento com nada”.
O pastor José Luis de Almeida, da igreja onde foi realizado o velório, afirmou que conhecia todos os jovens. “Paulinho frequentava a igreja. Ele aceitou Jesus há quatro meses. E no domingo ele cantou louvores na igreja”,
A Anistia Internacional manifestou repúdio ‘à violência indiscriminada que atinge os jovens brasileiros, em especial moradores de favelas e bairros de periferia’. “Está na hora de o país se indignar com as morte de seus jovens e romper com o indiferença e a impunidade que permeiam esses crimes”, diz trecho da nota oficial.