Por felipe.martins
Raphaela sofreu ruptura do intestino. Padrasto foi preso e vai responder por homicídio dolosoReprodução

Rio - Vítima de constantes agressões por parte do padrasto, a menina Raphaela Farias da Cruz, de apenas seis anos, não resistiu a mais uma surra levada pelo homem que deveria oferecer a ela cuidado e proteção. O crime aconteceu no bairro Engenheiro Belford, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.

Ela morreu na madrugada da última quinta-feira com perfuração no intestino delgado, em razão de mais uma violência sofrida. Jorge Luiz Silva Carneiro, de 41 anos, foi preso nesta sexta-feira por policiais da 64ª DP (São João de Meriti). 

De acordo com o titular da distrital, Paulo César Guimarães, que colheu o depoimento do acusado, a menina apanhava com frequência por motivos fúteis. "Ele batia na criança e na mulher, mãe da menina. Mais intensamente na menina por motivos que ele nem soube explicar direito. Batia porque ela olhava para ele, batia para corrigi-la, batia porque ela vomitava a comida".

Raphaela sofria com diversos tipos de agressões. No depoimento, o padrasto confessou que já puxou a enteada pelos cabelos e a jogou na cama. Por duas vezes, a avó materna da criança fez registros na Deam (Delegacia Especial de Atendimento à Mulher), em abril e em agosto.

Nos últimos dias, os vômitos da menina se tornaram frequentes , fato que irritava ainda mais o pai e provocava novas agressões contra a menina. Na última quarta-feira, Raphaela almoçou e novamente vomitou toda a comida. Na madrugada seguinte, acordou pedindo água e disse ao padrasto que estava com as pernas fracas. Logo em seguida a criança desfaleceu. Na delegacia, ele contou que levou a criança à unidade de saúde mais próxima, mas ela não resistiu e acabou chegando morta ao hospital.

Na delegacia%2C acusado disse estar arrependido. "Mas isso pouco importa"%2C definiu delegado do casoDivulgação

De acordo com a perícia, os vômitos de Raphaela começaram a acontecer em razão de uma ruptura na alça do intestino delgado que levou a peritonite generalizada. Ainda segundo a perícia, a lesão, ocorrida entre dois e sete dias, foi provocada por uma ação contundente "aquela que a mão ou o pé faz", conforme explicou o titular da 64ª DP.

O padrasto foi indiciado por homicídio doloso (quando há a intenção de matar) qualificado por motivo fútil. O inquérito também vai relatar a ausência de denúncias por parte da mãe.

"No depoimento, o pai se disse arrependido, mas isso pouco importa. Está claro que foi a conduta dele que levou à morte da criança. Quanto à mãe, nós vamos relatar essa omissão em denunciar, mas eu não posso culpar alguém por uma coisa que ela não fez. A morte da menina foi provocada pelo fato de ela ter apanhado", explicou o delegado.

O acusado pode pegar de 12 a 30 anos de prisão. 



 








  

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