Por victor.duarte

Rio - Em entrevista publicada nesta segunda-feira no DIA, o comandante-geral interino da Polícia Militar, coronel Ibis Silva, reconheceu que a ‘polícia (do Rio) morre e mata muito’, naquilo que classificou de ciclo de brutalidade. Os dados do 8º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, da ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), que será divulgado nesta terça, traduzem o sentimento de Ibis em números. O estado é o primeiro em mortes em confronto com policiais e em mortes de agentes de segurança.

O Rio, apesar de ainda estar na liderança em homicídios causados por policiais, com 416 mortos em autos de resistência computados em 2013, melhorou seus números. Em 2009, esse dado era de 1.048 pessoas, o que representava 54% de todas as mortes decorrentes de ação policial em todo o país, segundo antecipou nesta segunda o jornal ‘Folha de S. Paulo’.

O anuário constata que, ao mesmo tempo que as forças policiais mataram muito, muitos deles foram mortos em 2013 no Brasil: 490 agentes, 43 a mais do que no ano anterior. Novamente, o Rio lidera, com 104 policiais assassinados, contra 90 em São Paulo, o segundo, e 51 no Pará, o terceiro.

A média no país é de 1,34 policial morto por dia. Nos últimos cinco anos, desde 2009, foram 1.170 policiais, sendo que houve um claro aumento no total nos últimos dois anos. Além disso, enquanto 81,8% do total de mortes cometidas pelas polícias foram causadas por policiais durante o serviço, 75,3% dos assassinatos de policiais aconteceram quando eles estavam de folga.

As polícias brasileiras mataram, durante o serviço, 2.212 pessoas em 2013, aponta o estudo. Em média, são 6,11 mortos por dia. O número é menor do que o verificado no ano anterior, quando 2.332 pessoas foram mortas pela polícia no Brasil

O levantamento revela ainda que, nos cinco anos analisados (entre 2009 e 2013), a polícia matou 9.691 pessoas, com média cinco vezes maior do que a verificada nos Estados Unidos, onde 7.584 pessoas foram mortas pela ação policial nos últimos 20 anos. Se somados os casos em que os policiais agiram também fora de serviço, o total no Brasil chega a 11.197. Os dados americanos apontam 11.090 mortes em 30 anos.

A ONG FBSP foi constituída em março de 2006 com o objetivo de criar referências e buscar cooperação técnica em áreas ligadas à atividade policial. O levantamento completo será divulgado hoje às 10h30, no Hotel Golden Tulip Paulista Plaza, na capital de São Paulo.

Você pode gostar