Rio - Um impasse está tirando o sono de alguns moradores da comunidade Vila União, em Curicica, nos últimos dias. O local está sendo desapropriado para construção do BRT Transolímpico, que vai ligar Deodoro à Barra e ao Recreio para as Olimpíadas de 2016.
Eles afirmam que, assim que foram informados sobre a desapropriação, receberam a promessa de que todos iriam sair do local direto para apartamentos do Minha Casa Minha Vida. No entanto, nas últimas semanas, eles estão sendo procurados pela prefeitura para que passem a receber o aluguel social, que corresponde a um valor de R$ 400 pagos por 4 meses (total de R$ 1600).
Muitos se negam a aceitar o novo acordo, segundo a associação de moradores. E relatam que estariam sendo coagidos devido a um atraso nas obras do programa do governo federal. De acordo com a subprefeitura da Barra e Jacarepaguá, 177 famílias precisam ir para o aluguel social nesta primeira fase para cumprir o cronograma das obras no Rio Pavuninha. O subprefeito Alex Costa afirma que não há atrasos e que todas as pessoas para quem está sendo oferecido o aluguel social têm problemas com documentação e, por isso, não podem ocupar os apartamentos do Minha Casa Minha Vida.
"Há uma série de documentos necessários que precisam ser enviados ao banco para que a pessoa possa receber as chaves do apartamento do programa. O que acontece é que nem sempre as pessoas conseguem juntar a documentação a tempo e a gente tem um cronograma de obra a ser cumprido. Nós chegamos a colocar um Rio Poupa Tempo na comunidade funcionando de forma itinerante. Tem gente que não tem nem certidão de nascimento, isso cria uma dificuldade", disse Costa.
O autônomo Daniel Ferreira Campos, 60, afirma que esta não é a verdade. Ele conta que precisou de 20 anos para construir sua casa, um imóvel de 57m², onde mora com a família. O local foi avaliado em R$ 32 mil, valor que o proprietário contesta. Segundo ele, o apartamento oferecido na Colônia Juliano Moreira, local do reassentamento, tem 44m². "As informações que eles passam não são reais. Eles nos disseram que a obra está atrasada e querem que aceitemos logo o aluguel social. O que eles estão fazendo com a gente é uma covardia. E é assim que eles agem em todas as desocupações, a falta de documento é sempre uma desculpa para conseguir o apoio da justiça e retirar rápido as pessoas de suas casas", contestou Campos.
De acordo com a subprefeitura, a remoção é feita por etapas desde setembro. O reassentamento dos moradores da vila União é o maior já realizado em favelas do Rio. Ao total serão encaminhadas para a Colônia, em Jacarepaguá, 876 famílias.
"Nesta primeira fase que precisam ir para o aluguel social para cumprir o cronograma das obras no Rio Pavuninha, são 177 famílias. Já entregaram documentação ao Banco do Brasil e já participaram do sorteio 140 famílias. A Prefeitura já entregou mais de 100 cheques de aluguel social, para que as famílias possam ter tempo de entregar toda a documentação pedida para fazer o contrato com o banco", detalha a nota enviada pela subprefeitura.