'O PM reagiu e meu pai morreu', diz filho de homem baleado no Centro
Rapaz chegou a passar pelo corpo do pai na Avenida Francisco Bicalho, mas não o reconheceu
Por thiago.antunes
Rio - Elivaldo Angelino Ribeiro, 44, seguia para o trabalho quando foi baleado na cabeça por volta das 7h30 da manhã desta quarta-feira em plena Avenida Francisco Bicalho. Ele morreu usando uma mochila que carregava a marmita que levaria para seu trabalho, uma obra no bairro da Lagoa. Morador de Santíssimo, o pedreiro atravessava a rua quando teve sua vida interrompida bruscamente.
Dois policiais militares também ficaram feridos durante a intensa troca de tiros na descida da Linha Vermelha, na altura do Instituto Médico Legal (IML). De acordo com a polícia, um PM do Batalhão de Choque reagiu a uma tentativa de assalto e foi atingido no abdômen. "O meu pai era muito trabalhador, todo dia enfrentava esse tumulto. E, por causa de uma moto, o PM reagiu e ele acabou perdendo a vida. Que isso, deixa levar. Moto se compra outra. Dentro da minha casa, está todo mundo chorando, querendo saber por que isso aconteceu. Ninguém entende", lamentou o filho de Elivaldo, Cleiton Nascimento, 19.
O rapaz trabalhava com o pai e relatou que viu o corpo coberto por um plástico sem saber de quem se tratava. "Eu vi o pé dele. A gente ia junto para a obra, mas hoje saí um pouco mais tarde de casa e resolvi pegar trem. Ele saiu de casa às 5h. Meu patrão me deu a notícia por telefone quando eu estava voltando para casa", emocionou-se.
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A perícia foi feita no local. Segundo a Polícia Civil, os agentes buscam imagens de câmeras de segurança e possíveis testemunhas que ajudem a encontrar os assaltantes. De acordo com as primeiras informações, dois suspeitos em uma motocicleta abordaram o sargento do Batalhão de Choque Divaldo Rodrigues de Oliveira durante tentativa de assalto. O PM reagiu à investida dos criminosos.
Dois outros suspeitos que vinham atrás também teriam participado do confronto. O subtenente do 9º BPM (Rocha Miranda) Paulo Araújo da Silva foi atingido na cabeça quando passava pelo local em seu carro particular. Ambos foram levados para o Hospital Central da PM e tem quadro de saúde estável, segundo a assessoria da PM.
Um Gol branco que também passava pelo local com três pessoas foi atingido por um disparo. Nenhum dos ocupantes do carro se feriu. "A gente escutou os tiros e se abaixou. Não deu para ver exatamente o que aconteceu, mas ninguém espera que aconteça uma coisa dessas em um horário e lugar tão movimentado, está difícil demais", desabafou o motorista, que preferiu não se identificar.
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Com uma barraquinha no local há mais de 10 anos, a vendedora Rosineia da Silva Gomes, 38, relatou que os assaltos são comuns, principalmente em horários com trânsito intenso. "A gente sempre vê, já ouvi tiros por aqui em algumas vezes. Nem sempre dá tempo da polícia chegar, normalmente os bandidos passam de moto ou bicicleta e fogem rápido. Mas hoje foram muitos tiros, a gente ficou assustado", contou.