Ainda segundo ela, Ana Cláudia foi vítima do despreparo da Polícia Militar, que teria entrado na comunidade às 5h e por volta das 8h30, após cessar um tiroteio, atirou novamente, atingindo sua irmã. “Vizinhos relataram que chegaram atirando com o Caveirão (blindado). Além de atingirem a Ana, ainda não prestaram socorro. Se comprovar que o tiro partiu da arma de um PM, vamos processar o Estado”, garantiu.
Vinte e dois anos depois, mãe chora morte de segunda filha baleada em Acari
Familiares acusam Polícia Militar. Divisão de Homicídios está investigando o caso. Armas de PMs foram apreendidas
Rio - Uma tragédia que se repete e atinge uma mesma família e reabre uma ferida em uma mãe que já havia perdido uma filha vítima de violência. A dona de casa Célia Regina da Conceição, 59 anos, perdeu a segunda filha, Ana Cláudia Germano Coutinho, 30 anos, vinte e dois anos depois em circunstâncias parecidas, um tiroteio na comunidade de Acari, na Zona Norte do Rio. De acordo com a PM, uma operação foi realizada na manhã desta quarta-feira e os policiais trocaram tiros com criminosos. Durante o confronto, um suspeito e Ana Cláudia foram baleados. Ela, que tinha saído de casa para ir a casa da sogra porque um dos filhos estava com febre, chegou a ser socorrida ao Hospital de Acari, mas não resistiu aos ferimentos.
Irmã da vítima, Regina Célia Germano Coutinho, de 24 anos, calandrista, contou que a mãe precisou ser medicada ao saber de mais uma morte em razão da violência. “Minha mãe está revoltada e sob calmantes, pois já é a segunda filha que ela perde. Há 22 anos passou por este mesmo sofrimento. Infelizmente mais uma vez chora a morte de uma filha”, disse Regina, acrescentando que outros três irmãos já morreram de morte natural. “Éramos 15, agora só restaram 10. Nossa família está destruída”, lamentou.
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Segundo os familiares, Ana Cláudia, que trabalhava em uma lavanderia, era uma pessoa alegre e gostava de cuidar dos quatro filhos. A família de Ana Cláudia espera velar o corpo de Ana Cláudia na quadra da escola de samba Favo de Acari e sepultá-la nesta quinta-feira, no Cemitério de Irajá, na Zona Norte do Rio.
A Divisão de Homicídios da Polícia Civil assumiu o caso e apreendeu as armas dos policiais envolvidos na operação, encaminhadas para o confronto balístico. Os agentes prestaram depoimento nesta quarta-feira.
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Em nota, a PM informou que o comando do 41º BPM (Irajá) abriu procedimento apuratório. Ainda segundo a corporação, policiais do 41º BPM (Irajá) realizaram uma operação na comunidade de Acari nesta quarta-feira, para checar informações do Setor de Inteligência. Houve troca de tiros e, além de Ana Cláudia, um suspeito foi baleado e encaminhado para o Hospital Carlos Chagas. Uma pistola .40 foi apreendida.