Por victor.duarte
Rio - A prisão de Sailson José das Graças dominava as rodas de conversa em Corumbá, Nova Iguaçu, na tarde desta quinta-feira. Um misto de perplexidade e alívio dava o tom dos diálogos da vizinhança. Não era para menos. O ‘Monstro de Corumbá’, como era chamado na área nos últimos anos, finalmente estava atrás das grades. Porém, a descoberta da identidade do autor dos crimes espantou familiares das vítimas que, após chorarem a morte de seus entes, estiveram por diversas vezes ao lado do criminoso no bairro.

“Cresci ao lado dele, no Corumbá. Sempre foi ‘fechado’ e sério, de poucas palavras. Mas nunca imaginei tamanha frieza. Nesta semana, o cumprimentei enquanto ele bebia calmamente em um bar”, descreveu o pedreiro Cristiano Moraes, sobrinho de Fátima Moraes, a última vítima do Monstro, executada no dia 9.

Curiosos se aglomeram ao redor da viatura que levava Cleusa Peruquinha para depor em delegaciaFabio Gonçalves / Agência O Dia

A introspecção de Sailson, de acordo com pessoas próximas, era balanceada pelo jeito ‘descolado’ de Cleusa Balbina, a Cleusa Peruquinha, como era conhecida pelo hobby de trocar de penteados artificiais. A outra ponta desta ‘dobradinha macabra’ é definida como uma pessoa ‘divertida’. Era dela a incumbência de se aproximar dos alvos, fosse se passando por amiga das mulheres ou se envolvendo sexualmente com os homens.

Unânimes, porém, pessoas próximas apontavam ontem outra peculiaridade que fazia com que todos tivessem certeza de que os vários crimes tinham a mesma autoria, além das convergentes facadas: todos foram, em valores maiores ou menores, extorquidos antes de morrer.

“Enquanto ela pensava no dinheiro, Sailson os executava por puro sadismo”, garantiu Monique Chagas, filha de Francisco Carlos Chagas, morto no dia 23 de outubro. “Ele estava apaixonado, chegou a comentar comigo que emprestou todas as economias a ela”, completou. Segundo os conhecidos, os ganhos eram usados por Cleusa para sustentar o cúmplice, o esposo e, é claro, comprar novas perucas.

Faca usada em outros crimes por Sailson foi apreendida pelos agentesFabio Gonçalves / Agência O Dia

Maníaco do Parque matou seis

Em 1998, o país se chocou os crimes cometidos por um serial killer: o motoboy Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque, estuprou e matou seis mulheres, além de tentar assassinar outras nove em São Paulo. Investigações mostraram que ele seduzia as mulheres e as convencia a ir de moto ao parque estadual. Foi condenado a mais de 130 anos de prisão.
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Autora de um seriado sobre um serial killer, Glória Perez compartilhou nesta quinta-feira em redes sociais reportagens sobre Sailson. “Edu da vida real preso depois de 9 anos e 41 vítimas”, comentou. No programa ‘Dupla Identidade’, o ator Bruno Gagliasso vive um psicopata que, por trás da aparente tranquilidade, matou várias mulheres. Uma cena chocante foi quando ele abriu a geladeira e havia uma cabeça.
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