Por nicolas.satriano
Rio - A 9ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal do Ministério Público (MP) concluiu que os 10 tiros de fuzil disparados pelo soldado Márcio José Watterlor Alves, de 32 anos, contra o carro onde estava a atendente de telemarketing Haíssa Vargas Motta, 22, apontam a intenção de matar. Ele vai ser denunciado nesta terça-feira pelo crime de homicídio doloso contra a moça, que foi atingida nas costas por um dos disparos. O crime ocorreu há cinco meses, durante perseguição desastrada ao Hyundai HB20, ocupado pela vítima e três amigos em Nilópolis, na Baixada Fluminense.
Da janela de uma viatura do 41º BPM (Irajá), Márcio, que confessou ter confundido o automóvel com carro de bandidos, atirou antes de dar ordem para o motorista do veículo parar. O caso foi divulgado pela revista Veja.

Ele e o cabo Delviro Anderson Moreira Ferreira, que dirigia a viatura, podem ser expulsos da corporação. Nesta terça-feira a PM conclui o Inquérito Policial Militar (IPM) aberto para investigar a conduta dos agentes no caso.

Nesta segunda-feira, ao saber da decisão do MP, a auxiliar de enfermagem Andressa Motta, 24, irmã de Haíssa, disse ter ficado “mais aliviada”.

“Agora tenho a sensação de que justiça será feita”, afirmou. O pai de Haíssa, o pedreiro Ironildo Motta, 51, também cobra punição. “Esse negócio de atirar primeiro e perguntar depois tem que acabar”, criticou. Em depressão, a mãe da vítima, Sônia, 55, e a irmã caçula de Haíssa, Vanessa, 21, não saem de casa

Haissa Vargas Motta, de 22 anos, morreu após perseguição no início de agosto do ano passado, em Nilópolis, na Baixada FluminenseReprodução Facebook

O governador Luiz Fernando Pezão se disse triste com os últimos episódios de violência que culminaram em mortes de inocentes no estado, incluindo o de Haíssa. “Sinto a dor da família. Me solidarizo com os pais”

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No dia do crime, a perseguição durou apenas 24 segundos. A ação foi filmada por câmeras da própria viatura. O motorista do Hyundai argumentou ter pensado que o grupo estivesse sendo perseguido por criminosos. Desesperada, uma das amigas de Haíssa — que morreu a caminho no hospital —, gritou: “Ajuda aqui, pelo amor de Deus!”
Ainda no trajeto para o hospital, os PMs conversam com as amigas da vítima e um deles questiona o motivo de o grupo não ter parado. Ao comunicar o que ocorreu, Márcio diz não saber o que falar: “Dá um auxílio aqui que a gente tá (sic) meio barata voa.”
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