Por clarissa.sardenberg

Rio - O reservatório de Paraibuna, o mais importante para o abastecimento do Rio de Janeiro, saiu do volume morto com as recentes chuvas. O volume útil da represa estava nesta segunda-feira em 0,08%, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA). No dia 21 de janeiro, o sistema chegou a zero, pior marco desde que entrou em operação, em 1970. A reserva é a principal do Rio Paraíba do Sul — que abastece 15 milhões de pessoas no Rio, em São Paulo e Minas Gerais.

Em reunião ontem com o governador Luiz Fernando Pezão e com o secretário estadual do Ambiente, André Corrêa, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, garantiu que o Rio de Janeiro não corre risco, no momento, de desabastecimento. “Mas toda a atenção é necessária, pois o reservatório (de Paraibuna) teve apenas uma ligeira melhora”, ponderou Izabella.

Pela primeira vez desde 1978 o Paraibuna atingiu o volume morto, em janeiro deste anoFolhaPress

Ela levou pedido do governo estadual à presidenta Dilma Rousseff de um aporte de R$ 360 milhões para obras que garantam a segurança hídrica fluminense. “Dilma deixou claro que não há limites para apoios diante do quatro atual”, ressaltou a ministra. Ela colocou o corpo técnico e de engenheiros do governo federal à disposição de Pezão para estudos que ajudem a reduzir os impactos da escassez.

A ministra adiantou ainda que a vazão do Rio Paraíba do Sul, na elevatória de Santa Cecília, em Barra do Piraí, terá mesmo de ser diminuída, ainda este ano, dos atuais 140 metros cúbicos por segundo para 110 metros cúbicos por segundo.

Pela primeira vez o governo do estado, que era contra a medida por ameaçar o abastecimento de indústrias na foz do Canal de São Francisco, um prolongamento do Rio Guandu, aceitou a redução. Empresas como a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) e Fábrica Carioca de Catalisadores (FCC) podem ser prejudicadas.

André Corrêa garantiu que o governo tem feito esforços para evitar um colapso, com manobras que já resultaram em uma economia de 450 milhões de litros de água. “Mas o governo tem clareza da grave situação. Por isso vamos investir em campanhas de incentivo ao uso racional da água e em obras emergenciais”, disse.

Quase 1 bi em obras

André Corrêa afirmou que, ao todo, o governo vai investir R$ 930 milhões em obras emergenciais e estruturantes, que serão realizadas até 2018. “Os R$ 360 milhões solicitados ao governo federal ajudarão a aliviar uma boa parte dos investimentos”, comentou.

Uma das intervenções previstas, além de mudanças de pontos de capacitações de água em alguns municípios, como Barra do Piraí, será na bacia do Rio Guapiaçu — onde já existem obras de controles de enchentes que afetam o Norte e Noroeste. O estado também quer a participação de empresas que captam água no sistema Guandu, como a construção de uma adutora de 14 km e de um dique de pedra, na foz do Guandu, para diminuir a entrada de água do mar.

Sobe o nível dos reservatórios na maioria dos mananciais de São Paulo

Mesmo com pouca ou nenhuma chuva, o nível de água da grande maioria dos mananciais subiu na região metropolitana de São Paulo de domingo para esta segunda-feira, segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). No principal deles, o Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de 6,5 milhões de pessoas, houve elevação pelo quarto dia seguido atingindo 5,9% ou 0,2 ponto percentual acima da medição feita neste domingo.

Nesse sistema não choveu nos últimos dois dias. No sábado e no domingo foram registrados apenas 0,5 milímetros (mm) de chuva. Nos dias antecedentes, os seis reservatórios do Cantareira conseguiram boas captações e acumula desde o começo de fevereiro 85,6 mm próximo da metade do total previsto para todo o mês (199,1 mm).

No Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de 6,5 milhões de pessoas, houve elevação pelo quarto dia seguido, atingindo 5,9%Divulgação

A Sabesp esclareceu que as vazões para os reservatórios podem ocorrer dias depois das chuvas e isso explica a elevação de nível mesmo sem precipitações sobre o sistema. As oscilações também têm o efeito da redução no consumo. A empresa não atualizou os dados sobre a demanda, na última divulgação tinha indicado uma queda de 4,8 mil litros por segundo em dezembro de 2014, maior do que em novembro (4,1 mil litros por segundo).

No Sistema Alto Tietê também ocorreu aumento de 0,2 ponto percentual de água disponível para o abastecimento com os reservatórios operando com 12,6% de sua capacidade. Nesse manancial, o volume de chuva foi praticamente nulo com apenas 0,1 mm. O acumulado em oito dias está em 81,7 mm, bem acima do registrado em igual período do ano passado (0,4 mm). A média histórica do mês é 192 mm.

Com captações acima da média, o Sistema Guarapiranga que atende a população da zona sul da capital paulista, opera com 53,4% em relação a 52,3%. Também não choveu sobre esse sistema. O acumulado do mês atinge 97,2 mm mais do que a metade da média histórica do mês que é 192,5mm.

No Alto Cotia o nível aumentou de 32,6% para 33,1% com apenas 0,2 mm de chuva no dia. Esse sistema também está com a pluviometria acima da média acumulando 98,4 mm. No mês são esperados 178,9 mm. Neste Sistema é retirada água para fornecer as cidades de Cotia, Embu, Itapecerica da Serra, Embu-Guaçu e Vargem Grande.

No Sistema Rio Grande, utilizado para abastecer os municípios de Diadema e São Bernardo do Campo e parte de Santo André, houve uma pequena queda com o nível passando de 78,9% para 78,8%. Mesmo operando abaixo da capacidade registrada há um ano quando estava em 90%, esse sistema tem recebido mais chuvas do que em fevereiro de 2014 e acumula até agora 91,2 mm. A média para todo o mês é de 206,1 mm.

Com ligeira expansão, o Sistema Rio Claro teve de sábado para domingo o nível de 0,1 ponto percentual atingindo 31,1%. Essa variação está bem abaixo do mesmo dia em fevereiro do ano passado quando operava com 93,1% de sua capacidade. Em relação há um ano melhorou a captação de chuvas apesar de estar abaixo da média acumulando 65,2 mm. A média para o mês todo é 237,8 mm. Esse sistema atende parte da zona leste da capital e os municípios de Ribeirão Pires, Mauá e Santo André.

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