Rio - O laudo sobre a causa do incêndio do Shopping Nova América, em Del Castilho, no final da manhã de segunda-feira, será divulgado em até 30 dias pela 44ªDP (Inhaúma). A Polícia Civil investigará também denúncias de lojistas de que princípios de incêndios tornaram-se recorrentes no shopping e que, inclusive, a empresa administradora (Ancar) já havia sido alertada.
GALERIA: Incêndio de grandes proporções atinge o shopping Nova América
“O incêndio de hoje (segunda-feira) não teve os salvadores de plantão, que eram sempre os seguranças terceirizados”, disse uma empresária que tem loja no local há seis anos e não quis se identificar. Segundo ela, essa era “uma tragédia anunciada” e que a Ancar sempre foi alertada e nunca tomou providências. A administração informou desconhecer o assunto.

“Não faço nem ideia do prejuízo que tive com maquinários e material de estoque. A perda foi total. O importante é que não houve feridos”, comentou o dono da Sorveteria Itália, André Mariano de Araújo.
O incêndio durou mais de quatro horas e destruiu dezenas de lojas e escritórios de uma das torres comerciais do shopping. As chamas teriam começado pouco antes do meio-dia, no segundo andar da parte mais antiga do prédio — construído em 1920 — e que em 2011 foi revitalizada e expandida, com investimentos de R$ 250 milhões. Não houve feridos, mas dois bombeiros passaram mal ao inalar fumaça. Não há previsão para a reabertura do shopping, que possui 330 lojas.
“Houve uma fatalidade e estamos contabilizando os prejuízos. Nossa brigada de incêndio agiu rapidamente, evacuando funcionários e acionando os bombeiros, que demoraram apenas 20 minutos para mandar socorro”, comentou Carlos Martins, superintendente do shopping, afirmando que somente a praça de alimentação funcionaria na segunda-feira. “Todas as unidades têm seguro contra incêndio”, garantiu. O governador Luiz Fernando Pezão e o prefeito Eduardo Paes estiveram no local e prestaram solidariedade aos empresários.
De acordo com funcionários, os brigadistas tentaram apagar as labaredas sozinhos, sem sucesso, por mais de 40 minutos e, só então, chamaram o Corpo de Bombeiros. A corporação, por sua vez, enviou mais de 100 homens de dez quartéis para atuarem no local e ainda enfrentaram suposta falta d’água no início do combate ao incêndio. “Compramos alguns carros-pipa, sim, mas foi mais por garantia, caso a situação piorasse”, justificou Martins.
A Universidade Estácio de Sá, que mantém um campus no shopping, também foi atingida. As aulas da unidade, que começariam após o Carnaval, estão suspensas.
Ao se encontrar com donos de lojas, o governador Luiz Fernando Pezão adiantou que vai traçar um plano de concessão de linha de crédito para os comerciantes que tiveram seus negócios afetados. O prefeito Eduardo Paes disse que a prefeitura ajudará na reconstrução do shopping, e cobrou apuração rigorosa. “Tem que apurar porque (o fogo) alastrou tanto. Não precisava ter alastrado tanto”, comentou.
O trânsito, que só recebeu reforço e sinalização da Guarda Municipal duas horas e meia depois do início do incêndio, ficou congestionado.