Rio - A Polícia Militar expulsou 43 homens de seu quadros. Os excluídos são sargentos, cabos e soldados. Eles são acusados de realizar cobrança indevida de valores de mototaxistas, taxistas piratas, motoristas de vans e de ônibus piratas na Zona Oeste, e de extorquir feirantes do calçadão de Bangu e Honório Gurgel, entre 2012 e o segundo semestre de 2013, na área de policiamento do 14º BPM (Bangu). A expulsão foi publicada no Boletim Disciplinar da corporação, na sexta-feira.
O mapeamento foi feito através da Operação Compadre, oriunda de denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Publico do Estado do Rio, feita para a 1ª Vara Criminal de Bangu. Foram originados, ao todo, seis processos para apurar as atividades irregulares.
Segundo as investigações da corregedoria da PM, quando uma das pessoas extorquidas pelo grupo era parada, os policiais faziam o “recolhe” da propina para ela ser liberada. Segundo a polícia, a quantidade destes “agregados” era tão grande que, algumas vezes, os acusados não conseguiam terminar o recolhimento em seus turnos de serviço, completando o achaque no dia seguinte com o uso de veículos particulares.
“Todas as ações desviantes adotadas pelos acusados, em desconformidade com as instruções normativas constantes na corporação, deram margem a que seus nomes e o da Instituição Policial Militar fossem vinculados à grave conduta ilícita e investigados no processo, afetando, dessa forma, a imagem da Corporação perante a sociedade fluminense e outros órgãos do Estado”, relata o boletim.
Paralelamente ao processo disciplinar, os PMs respondem na 1ª Vara Criminal de Bangu por crime de quadrilha ou bando, concussão e roubo majorado. O ex-comandante do 14º BPM, tenente-coronel Alexandre Fontenelle Ribeiro de Oliveira, o ex-subcomandante major Carlos Alexandre de Jesus Lucas, os majores Nilton João dos Prazeres Neto, o coordenador de operações Edson Alexandre Pinto de Góes, e os capitães Rodrigo Leitão da Silva e Walter Colchone Netto também respondem pelo processo.
Veja lista:
Cabo Davi Santos de Souza Cruz
3º Sargento Marcelo de Andrade Coelho
1º Sargento Luiz Cláudio dos Santos Reis
2º Sargento Marcelo Ferreira Gomes
3º Sargento Marcos André da Silva
3º Sargento Cesar André Loyola
Cabo Marcus Vinícius Lima Bindi
Cabo Cláudio Augusto Rodrigues da Silva
Cabo Eduardo Cândido de Moraes
1º Sargento Renato Novoa Vaz
1º Sargento Jorge Luiz Gualberto Gomes
2º Sargento Wilson Ferreira de Magalhães
3º Sargento Marcelo José Conceição de Souza
Cabo Luciano de Souza da Silva
1º Sargento Eduardo Manoel de Carvalho
3º Sargento Carlos Alberto de Oliveira
Cabo Rodrigo da Silva Miguez
Cabo Rodrigo da Silva Rodrigues
3º Sargento Cristiano da Silva Martins
Soldado Marcio da Silva Fontes Alves
1º Sargento Oldair Vargas Correa
1º Sargento Amarildo Marins da Conceição
1º Sargento Leonardo Costa
1º Sargento Radson de Oliveira Bispo
Cabo Fábio da Silva de Brito
Cabo Luiz Augusto dos Santos Firmino
Cabo Luiz Américo Souza da Silva
1º Sargento Izanildo Silva Pereira
1º Sargento Marco Cesar Braga da Silva
3º Sargento Carlos Henrique Nunes Laranja
3° Sargento Leandro Pereira Lima
3° Sargento Ronaldo Ferreira da Silva
EXTORÇÃO
Segundo as investigações, foram flagrados inúmeros episódios em que mototaxistas foram abordados pelos policiais para verificar infrações. Em vez de serem recolhidas ao depósito, as motos eram liberadas mediante o pagamento de propina.
Dos camelôs eram exigidos valores que variavam de R$ 5 a R$ 20, dependendo do produto comercializado, tanto dos que vendiam produtos ilícitos como legais. A cobrança era realizada sob o argumento de que o vendedor não possuía autorização da prefeitura. Também eram exigidos R$ 70 por semana.
Reportagem do DIA, publicada em maio de 2013, revelou que a ‘Tropa da Mixaria’ roubava baldes de R$ 1,99 de ambulantes quem não tinham dinheiro para pagar a propina de R$ 5 a R$ 70 — o ‘alvará’ do bando que permitia a venda em pontos irregulares. Na época, foram presos 53 PMs, do 14º BPM (Bangu) e 9º BPM (Rocha Miranda), e sete policiais civis, da 34ª DP (Bangu) e Delegacia de Repressão aos Crimes de Propriedade Imaterial, além de 18 ‘cobradores’.