Rio - O anúncio da suspensão da ‘tarifa social’ do metrô indignou especialistas e o vice-presidente da Comissão de Transportes da Alerj, deputado Dionísio Lins. Como publicou nesta quarta-feira O DIA, o corte desse subsídio que torna a passagem R$ 0,30 mais barata para quem usa o Bilhete Único vai gerar economia de R$ 22,6 milhões aos cofres estaduais.
Para se ter um ideia do que representa isso no orçamento, somente o gasto com o aluguel de vagas no Terminal Menezes Cortes para funcionários do alto escalão de órgãos estaduais estacionarem de graça no Centro, que foi de R$ 12 milhões nos últimos 14 meses, já cobriria mais da metade do incentivo.
“O estado está numa situação muito difícil, mas a tarifa (social) deveria ser a última a ser mexida. O governador só poderia ter tomado essa decisão se chegasse a um entendimento para o MetrôRio não repassar a diferença (do reajuste) ao usuário”, disse o deputado Dionísio Lins. A passagem do metrô com o Bilhete Único vai subir 15,6% em 2 de abril, passando dos atuais R$ 3,20 para R$ 3,70.
Ele classificou a prioridade às vagas de estacionamento como “constangedora” e afirmou que a Comissão de Transportes deverá convocar uma audiência pública para que o governo reveja a decisão.
“O subsídio de R$ 22,6 milhões me parece muito pequeno diante da meta de redução das despesas do governo (de R$ 2 bilhões ao ano). Nesse momento, o governo terá que fazer restrições pesadas, mas as prioridades que atingem as camadas de menor renda têm que prevalecer”, avaliou o economista Mauro Osório, da UFRJ.
Para o coordenador do Movimento pelo Direito ao Transporte, Nazareno Affonso, a atitude do governo “é uma incoerência com os esforços da prefeitura para que a população deixe o carro em casa e use o transporte público”. Segundo a Secretaria estadual de Transportes, 233 mil viagens são feitas por dia no metrô com o Bilhete Único. Quem faz integração de metrô com ônibus intermunicipal com o cartão continuará a pagar R$ 5,90. O secretário Carlos Osório disse que a suspensão é temporária por causa da situação financeira do estado.
Em nota, o Governo do Estado disse que "a diminuição do custeio do estado se dá nas mais diversas frentes para que a meta de redução nas despesas esperada pelo governo, de R$ 2 bi ao ano, seja atingida. Dentre os modais de rendimento, o serviço metroviário é o que se encontra mais próximo dos níveis de adequação almejados."
Sobre as vagas de estacionamento do Terminal Menezes Cortes, foi informado que a Comissão de Planejamento Orçamentário e Financiamento do Estado do Rio de Janeiro (COPOF) já determinou que todas as secretarias e órgãos do Estado diminuam seus contratos, incluindo os contratos com locação de vagas.