Por paulo.gomes

Rio - Sob forte comoção das 60 pessoas que compareceram no Cemitério de Inhaúma, o corpo de Ana Cleide Ferreira Lima da Silva foi sepultado no início da tarde desta quarta-feira. A empregada doméstica, de 41 anos, morreu vítima de bala perdida na terça, no Complexo do Chapadão, em Costa Barros. Durante o sepultamento, a irmã de Ana Cleide fez um desabafo:

"Está doendo, minha irmã querida. Não vá. Você não deveria ter ido embora. Tiraram a vida dela", disse.

O caixão de Ana Cleide Ferreira Lima da Silva passou por um corredor de flores formado por fieis da igreja que ela frequentava no Morro da LagartixaBruno de Lima / Agência O Dia

Frequentadora da Igreja Universal localizada no Morro da Lagartixa, Ana Cleide recebeu uma homenagem de outros fieis. Eles fizeram um corredor com rosas brancas, por onde passou o caixão com o corpo da empregada doméstica. A filha da vítima lamentava a todo momento a trágica morte de Ana Cleide. "Eu quero a minha mãe. Não faz isso comigo, porque fizeram isso?", questionava.

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Ana Cleide foi atingida durante confronto entre traficantes e policiais civis, que realizavam operação no Complexo do Chapadão. Ela seguia para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com o objetivo de marcar uma consulta para a sogra. Moradora há 30 anos do Morro da Lagartixa, ela era casada, tinha dois filhos e dois netos.

Horas antes, a professora Luciana Barbosa também foi atingida por uma bala perdida no Chapadão. Ela estava no interior do do Espaço de Desenvolvimento Infantil (EDI) Beatriz de Souza Madeira quando levou um tiro de raspão na perna.

Ana Cleide Ferreira Lima da Silva foi morta com um tiro nas costas quando seguia para marcar uma consulta médica para sua sogra no Complexo do Chapadão%2C em Costa BarrosReprodução / Fabio Gonçalves / Agência O Dia

Por causa do intenso confronto, 13 unidades escolares da rede municipal ficaram sem aulas e 5.645 alunos foram afetados. No entanto, o funcionamento foi normalizado nesta quarta-feira. A ação policial da 40ªDP (Honório Gurgel) pretendia cumprir 11 mandados de prisão, mas apenas Thiago dos Santos Lopes e Luiz Bruno Madeira foram presos e um adolescente de 17 anos apreendido. Segundo a Polícia Civil, ele é apontado como um dos autores do homicídio do policial civil Luís Eduardo da Silva, no mês passado.

'Eu quero a minha mãe"

A filha da doméstica lamentava a todo momento a trágica morte da mãe. Abraçada ao caixão, ela repetia: “Eu quero a minha mãe. Não faz isso comigo, por que fizeram isso? Quero a minha mãe”, questionava.

No enterro de Ana Cleide, emocionados, parentes e amigos tentavam entender a forma que Quêda, como era carinhosamente chamada pela família, foi atingida por uma bala perdida e morreu, no Morro da Lagartixa, em Costa Barros.

No momento em que a doméstica foi baleada uma operação era realizada da Polícia Civil. Na mesma rua, a professora foi ferida dentro da creche em que trabalha. “A maioria dos professores está doente, pedindo licença”, contou a professora Guilhermina Rocha, do Sindicato dos Professores.

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