Rio - A região de Costa Barros, Pavuna e Guadalupe parou nesta quarta-feira, mais uma vez, por causa da violência. Três ônibus foram incendiados no fim da manhã após a morte de Maique da Silva de Souza, 22 anos, na comunidade Criança Esperança, dentro do Complexo do Chapadão.
O comércio fechou depois que manifestantes promoveram cenas de vandalismo pelo bairro e 2.279 alunos de sete unidades tiveram as aulas suspensas. Há dois dias, bandidos enfrentam a tiros policiais que procuram pelo PM Neandro Santos de Oliveira, desaparecido desde segunda-feira.
Há meses moradores do conjunto de favelas sofrem com a guerra de criminosos pelo controle do território. “A única coisa que a gente não tem aqui é esperança. Temos apenas medo. Vivemos em situação de terror”, desabafou uma moradora.
Segundo parentes e testemunhas, Maique estava a caminho do trabalho quando foi atingido por um tiro no pescoço e não resistiu aos ferimentos. No momento da morte, policiais do 41º BPM (Irajá) faziam incursões nas comunidades Gogó da Ema, Final Feliz e Parque Esperança para tentar localizar o PM Neandro. Ele não foi localizado.
Ainda segundo a corporação, os policiais militares não estavam no local onde Maique foi encontrado baleado. No entanto, a Delegacia de Homicídios (DH) da Capital recolheu as armas dos PMs que estavam na operação para perícia. Segundo os policiais da DH, Maique nunca teve passagens pela polícia.
“Ele estava enviando mensagens pelo celular quando levou o tiro. Indo para o trabalho. Não se tem mais tranquilidade para viver. Isso aqui é um caos”, lamentou a irmã de Maique, Aparecida da Silva Pereira, de 37 anos.
O comércio ficou fechado durante todo o dia. À tarde, outro ônibus foi incendiado. Manifestantes também saquearam um posto de gasolina e outros estabelecimentos na redondeza, deixando pedestres em pânico.
Beltrame: 'Tem que ocupar'
Nesta quarta-feira, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, voltou a falar que a única solução para acabar com os confrontos no Chapadão é a polícia ocupar a região. “Tem que ocupar. Mas faltam policiais e equipamentos. Para tudo isso é preciso dinheiro”, disse Beltrame em entrevista à TV Globo.
A Polícia Militar vem realizando operações na região desde terça-feira para tentar localizar o soldado Neandro Santos de Oliveira, que desapareceu após ser parado por uma falsa blitz em uma das entradas do Chapadão. O carro dele estava com marcas de tiros. Três corpos carbonizados foram encontrados na comunidade e passaram por exames de DNA.
A mulher do soldado fez um desabafo no Facebook implorando por informações. “Até agora nada do meu marido. Peço, por favor, qualquer informação. Só quero justiça. O que será da minha vida? Não quero criar meu bebê sem você. Te amo”, escreveu.




