Rio - A partir do ano que vem, os planos de saúde serão obrigados a cobrir testes rápidos para detecção da dengue. Este é um dos 21 procedimento da nova lista que terão cobertura obrigatória.
O jornalista Wagner Sales, de 59 anos, contraiu dengue ainda este mês, relatou que foi surpreendido com pressão baixa. “Estava me sentindo mal desde sexta-feira, mas só fui ao médico na segunda. Resultado, plaquetas e pressão baixas. Deveria ter procurado ajuda antes, sorte que estou me recuperando bem”, refletiu ele, que ainda está de repouso.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) atua, no momento, com um projeto em que mosquitos modificados em laboratórios são inseridos no meio ambiente para combater a doença. Na primeira fase, foram soltos 10 mil Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia, capaz de impedir a transmissão da dengue pelo mosquito, na Ilha do Governador, na Zona Norte. Novas etapas do teste foram implementadas desde agosto
Mortes por dengue já são quase o dobro de 2014
Conhecida como uma doença típica do verão, a dengue agora é ameaça o ano todo. Só este ano, já atingiu mais de 56 mil pessoas, com 19 óbitos no Estado do Rio. O número de vítimas é sete vezes maior do que em todo 2014, quando totalizou 7.819. Os casos fatais são 90% maior este ano.
A região mais atingida é o Sul Fuminense, em especial o município de Resende, onde foi decretada epidemia no início do ano e que está ainda está em estado de atenção. A área do Vale do Paraíba e Costa Verde também lidera o ranking de mortes, com 16 no total, de janeiro até 21 de outubro.
Um dos casos aconteceu com a estudante Letícia Toledo, de 18 anos. Ela morreu vítima de dengue hemorrágica, no meio do outono, em Piraí. Já na capital, onde até a semana passada, havia mais de 16 mil infectados, os bairros de Bangu (2.251 casos), Realengo (820), Padre Miguel (704), na Zona Oeste, são os três primeiros em incidência da doença.
Na Zona Norte, Irajá registrou 568 ocorrências, sendo o quarto maior do Rio e Copacabana é o principal da Zona Sul com 248 pessoas infectadas desde janeiro. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, não houve óbito na cidade em 2015. Enquanto os números oficiais deixam as cidades em estado de atenção, o professor de infectologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) adverte que o total de ocorrências pode ser ainda maior. “A dengue é facilmente confundida com o Zyka Vírus, também presente no estado”, explicou.
O especialista ainda recomenda que o paciente procure uma unidade de saúde logo no início dos sintomas. “É preciso identificar cedo, para tomar os cuidados necessários, em especial para o controle da pressão arterial. A pressão baixa é o fator que mais leva à morte nos casos de dengue”, alerta.