Rio - Apesar de terem passado dois dias desde o rompimento de duas barragens no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), o "tsunami" de lama causado pela tragédia segue avançando pelo Estado de Minas Gerais sem previsão para ser controlado. Alguns municípios anunciaram o corte no abastecimento de água para evitar contaminação.

De acordo com representantes da mineradora Samarco, que participaram da coletiva de imprensa sobre o balanço da tragédia, neste sábado, o imenso volume de lama que segue causando destruição por onde passa impede a empresa de cravar um momento em que os dejetos serão finalmente barrados. A empresa insistiu ter cumprido na íntegra seu plano de ação emergencial, aprovado pelos órgãos competentes.
A onda de lama, que se desloca ao longo do Rio Doce, deve chegar ao Espírito Santo na próxima segunda-feira, segundo o Serviço Geológico do Brasil, que monitora a situação. A cheia deixou em estado de alerta municípios mineiros ao longo da calha do rio.
Até a tarde deste sábado, a prefeitura de Mariana (MG) havia confirmado uma morte, de um homem de 41 anos, além de 25 desaparecimentos – 13 funcionários e 12 moradores dos distritos de Bento Rodrigues, o mais atingido, Pedras e Camargos. Entre eles há três crianças e uma idosa.
A Samarco confirmou que está monitorando uma terceira barragem local, de Germano, que, segundo o Corpo de Bombeiros, teria sido afetada pela tragédia. A empresa, no entanto, garantiu que "não há indício de instabilidade" ou de "anomalias" nela.
Água cortada
Dois dias após a tragédia, as prefeituras de Colatina (ES) e Governador Valadares (MG) anunciaram a interrupção do abastecimento de água durante a passagem da lama transportada pelo Rio Doce. A previsão do Serviço Geológico do Brasil é que a lama atinja Governador Valadares na madrugada de domingo (8) e Colatina, na tarde de segunda-feira.
A prefeitura de Colatina informou que o abastecimento será suspenso no momento em que a onda de dejetos atingir a cidade. “Análises serão feitas constantemente até que a qualidade da água seja adequada para o consumo humano. Por este motivo, a administração pede que a população economize água e mantenham seus reservatórios cheios”, informa a nota.
Em Governador Valadares, a prefeitura informou que, quando a lama chegar, o serviço de água da cidade vai desligar as bombas por um tempo, colher amostras e analisar a água. Caso seja possível tratar, garantindo a qualidade, o abastecimento voltará ao normal. Do contrário, será suspenso.
Outro município do Espírito Santo que deve ser atingido pela lama é Linhares. De acordo com a prefeitura, não há risco de contaminação da água que é distribuída a população uma vez que o ponto de captação é feito no Rio Pequeno.
“Além disso, em 18 de outubro, a prefeitura fez uma barragem no Rio Pequeno para manter o volume do rio, e esta barragem servirá como uma barreira que evitará o contato da água do Rio Doce com o Rio Pequeno, garantindo segurança extra para o abastecimento de Linhares”, afirmou o governo municipal em comunicado.
* Com Agência Brasil