Por felipe.martins

Rio - Foi preciso uma ordem expressa do alto comando da Polícia Militar para que todos os comandantes das 38 Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) passassem a garantir o patrulhamento no entorno das comunidades desde quinta-feira. Levantamento da PM indicou 125 pontos no asfalto para serem policiados nos horários de maior movimento por 250 homens. O objetivo é deixar as patrulhas visíveis e, aos poucos, colocar mais policiais das UPPs nas ruas da cidade.

Para conter a violência em locais estratégicos como as vias expressas, palco de arrastões e tiroteios, no início da noite de sexta-feira a cúpula da Segurança Pública anunciou que as unidades especiais da PM — os batalhões de Operações Policiais Especiais (Bope), de Choque, de Ações com Cães (BAC) e o Regimento de Polícia Montada —, além da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil, vão reforçar o patrulhamento durante a noite e a madrugada em mais de 50 pontos do Rio. A decisão ocorreu após reunião do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, o comandante da PM, coronel Alberto Pinheiro Neto, e o chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso.

Cerca de 250 policiais de UPPS vão patrulhar o entorno das comunidades para coibir crimes nos bairrosPaulo Alvadia / Agência O Dia

Para os policiais das UPPs, a operação foi batizada batizada de Rush e Corredor Estrutural e ganhou outros contornos para muitos coronéis. É que, nos bastidores, Beltrame e Pinheiro Neto, não falam mais a mesma língua. A aliados de fé, Pinheiro garante que não fica por muito mais tempo no cargo. O prazo seria janeiro.

Neste cenário de crise interna, muitos oficiais defendem que manter as viaturas com dois homens em pontos estratégicos no asfalto é o começo para fazer com que os militares das UPPs desçam as comunidades. O que seria uma afronta ao projeto UPP, considerado até então intocável no governo, e implantado pela Secretaria de Segurança.

Porém, muitos oficiais alertam que a mancha criminal é a mola propulsora da ordem. A UPP Santa Marta, em Botafogo, vai manter viatura na Rua São Clemente. Semana passada, aluna do Colégio Santo Inácio foi atacada a facada por ladrão, a poucos metros da saída da escola. Na ocasião, foi criticada a falta de PMs no bairro. 

Nos planos, vias expressas e as zonas Norte e Oeste

Segunda-feira, a cúpula da Segurança Pública vai analisar as medidas que foram adotadas. No caso das UPPs, o reforço do policiamento vai ocorrer principalmente em vários pontos das zonas Norte e Oeste.
Na Cidade de Deus, haverá viatura na Avenida Edgar Werneck. Enquanto na UPP do Camarista Méier, a base será na Avenida Leopoldo Bulhões. A UPP da Vila Kennedy ficará com a Avenida Brasil, dentro da sua área. “É preciso mostrar que as viaturas estão nas ruas. Assim a sensação de insegurança diminui”, avaliou um comandante de UPP, que pediu para não ser identificado.

Porém, nos bastidores, até o governador Luiz Fernando Pezão está atuando para melhorar a relação do secretário José Mariano Beltrame com o comandante da PM, Alberto Pinheiro Neto. Pezão quer debelar a crise. A relação azedou, principalmente, por causa de falta de investimentos na corporação. Mas com o aumento da onda de violência, a meta é que a paz volte a reinar na cúpula.

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