Por luis.araujo

Rio - Dois dias após a publicação, no Boletim Interno da Polícia Militar, de uma norma determinando que o uso da arma de fogo “deve ser excepcional”, um oficial da corporação usou sua pistola contra um veículo que furou blitz na Zona Oeste. No banco do carona da Fiat Palio Prata, o bancário Marco Antônio Pereira, de 51 anos, foi atingido por um tiro disparado pelo subcomandante do 9º BPM (Rocha Miranda), major Carlos Ludwig, na Rua Cândido Benício, Praça Seca, Zona Oeste, na madrugada de domingo. A vítima perdeu um rim e parte do intestino.

Tiro atravessou o porta-malas do Palio e atingiu a vítima nas costas. Polícia quer imagens de câmeras e testemunhas para checar versõesMaíra Coelho / Agência O Dia

Segundo informações da assessoria de imprensa da PM, os militares faziam uma blitz para coibir o tráfico de drogas na região. Mas o motorista Rafael de Freitas dos Santos teria furado a barreira feita pelos policiais.

O oficial teria atirado para acertar os pneus do veículo em movimento, porém, a bala atravessou o porta-mala do Palio e atingiu as costas do bancário. Marco Antônio foi operado no Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, e até a tarde de ontem não corria risco de morte.

“Ficamos chocados com a notícia. Meu irmão perdeu um rim e parte do intestino. Estamos aguardando a transferência dele para uma clínica particular. Agora, só queremos cuidar da saúde dele, depois vamos ver que providência podem ser tomadas”, afirmou um irmão da vítima, que pediu para não ser identificado.

O caso foi registrado na 29ª DP (Madureira), onde foi instaurado um inquérito. O motorista e os policiais, que tiveram as armas apreendidas para perícia, prestaram depoimento. Policiais civis fizeram buscas de imagens de câmeras de segurança e testemunhas que tenham presenciado o caso na Praça Seca. O objetivo é confrontar o material com as versões do motorista e do major que fez o disparo.

Na noite deste domingo, a PM informou através de um comunicado que o major responsável pelo disparo foi afastado. "O procedimento apuratório instaurado pela Polícia Militar será o mesmo adotado como nos demais casos e o policial militar será afastado de suas atividades até a conclusão das investigações", diz um trecho da nota.

INVESTIGAÇÃO

Ludwig foi autuado por lesão corporal culposa. Já o motorista Rafael vai responder por desobediência e tentativa de lesão corporal. Isso porque ele teria quase atropelado os policiais para escapar da blitz.

Na tarde de ontem, agentes da Corregedoria da PM e do 9º BPM estiveram no Carlos Chagas. Um procedimento foi aberto para também investigar o caso.

No boletim publicado sexta-feira, o comando da PM faz a ressalva sobre a necessidade de “transmitir uma mensagem clara, concisa e precisa para o policial militar, sobre quando ele deve atirar.” A publicação ainda tem um panfleto explicativo para os PMs.

A Instrução Normativa 44 explica que o policial só deve usar a arma em dois casos específicos: em legítima defesa ou quando o suspeito reagir à prisão usando armamento. Ainda segundo a medida, os tiros de advertência por aprte dos policiais são proibidos, assim como os “disparos para evitar fuga”, se a pessoa tentar escapar a pé ou em veículo.


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