Rio - Dizem que as pessoas intensas não fazem nada superficialmente. Elas se colocam inteiras no que realizam. Na vida profissional ou nos relacionamentos, sempre se doam por completo. Quem é assim não gosta do que é supérfluo...
Mas me chama a atenção perceber que até quem é intenso tem medo de se relacionar com Deus... Imagine, então, quem não é intenso! Comecei a me questionar sobre o assunto. Por que será que existe esse medo? Certa vez, um amigo me explicou que é porque é fácil notar que “com o Senhor as coisas são sérias”... Ora, mas o que há de assustador nisso? Não são sérias também no trabalho? Não são nos relacionamentos? Qual a diferença?
Acredito que a diferença esteja no comprometimento. Geralmente as pessoas se sentem obrigadas ao comprometimento com suas tarefas de trabalho e com as pessoas com as quais se relacionam; porém, esse compromisso se esgota nele mesmo, o que o faz prazeroso. Ao passo que o comprometimento com Deus soa como algo exigente: oportunidade para o Senhor sempre pedir mais e mais da gente, inclusive coisas que julgamos impossíveis...
No entanto, a pedagogia de Deus é outra! Somos seus filhos! E é assim que Ele cuida de nós: ora é rigoroso, ora doce, ora paparica, ora brinca, ora corrige, ora faz uns mimos, ora exige, ora pede, ora argumenta... Como Pai! E isso é lindo! Basta-nos disposição interior para uma entrega total ao seu amor, sejamos nós pessoas intensas ou não. A Ele, devemos dar não o tempo que nos sobra ou o talento que pouco usamos, mas o nosso melhor, o necessário, o que possuímos para viver... Exatamente como fez a viúva citada no Evangelho deste domingo, que foi merecedora do elogio de Jesus: “Em verdade vos digo, esta pobre viúva deu mais do que todos os outros que ofereceram esmolas. Todos deram do que tinham de sobra, enquanto ela, na sua pobreza, ofereceu tudo aquilo que possuía para viver”. (Mc 12,43-44)
Que Deus nos ensine a não reter nada, pois tudo pertence a Ele. #vamo-emfrente!
Padre Omar: é o Reitor do Santuário do Cristo Redentor do Corcovado.
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