Moradora de local onde família morreu eletrocutada fala que fios tinham remendos
Sepultamentos de Raphael Sergio, seus filhos de 13 anos e 9 meses, e do padastro acontecerão na tarde desta segunda
Por paulo.gomes
Rio - A rede elétrica responsável pela morte de quatro membros de família em São Gonçalo, na Região Metropolitana, já havia sido consertada há duas semanas. Moradores do local contam que na manutenção feita pela concessionária Ampla, colocaram um poste novo, mas os cabos, aparentemente, eram antigos e haviam pontos de ferrugem. Inclusive na fiação que atingiu as vítimas.
Raphael Sergio Alcântara Oliveira, de 35 anos, seus filhos Lucas Alcântara de Oliveira, 13, e Gabriel Alcântara de Oliveira, de 9 meses, além do seu padastro, Adão Orlando Silva Moraes, de 87, morreram no domingo, após o carro onde estavam ser atingido por um fio de alta tensão.
Luciene Matos, que trabalha numa padaria próxima ao acidente, afirmou que quando implantaram o novo poste, os técnicos chegaram a falar que o procedimento havia apresentado uma complicação.
Publicidade
"Na ocasião, pedi para religarem a luz, já que precisava para trabalhar e não estragar os meus produtos. Mas o operador falou que o processo estava complicado e que não tinha previsão para voltar o fornecimento de energia. Já era a quarta vez que a Ampla realizava uma ajuste ali no local das mortes", relatou Luciene.
Ela chegou a socorrer Maria Nazaré Alcântara de Oliveira, de 60 anos, que foi levada para o Hospital Estadual Azevedo Lima e depois transferida para o Hospital das Clínicas de Niterói. Segundo parentes, a idosa, mãe de Raphael, será operada ainda nesta segunda-feira para colocação de enxertos.
"A dona Maria Nazaré também poderia ter morrido se não fosse o marido, grande herói que deu um solavanco nela enquanto ela recebia um choque. A família está destruída, porque tanto o seu Adão quanto o pai das crianças eram muito amorosos. Ela perdeu um anjo que fazia tudo pela mãe dele. Raphael era bem prestativo", ressaltou Luciene.
No momento do acidente, Raphael buscava as crianças que tinham passado o dia na casa dos avós, enquanto sua esposa estava trabalhando. Familiares reclamaram da Ampla.
Publicidade
"Não deram apoio nenhum até agora, não tem um psicologo para ajudar a mãe das crianças. Não é a primeira vez que sabemos de casos assim, de carros eletrocutados por fiação", queixou-se uma sobrinha de uma das vítimas, que não quis se identificar.
Raphael e os filhos serão sepultados nesta tarde, às 17h, no Memorial Parque Nicteroy, em São Gonçalo. Já o enterro de Adão Orlando acontecerá mais cedo, às 16h30, no Cemitério do Maruí, em Niterói.