Maria Nazaré Alcântara de Oliveira, de 60 anos, está lúcida e vem sendo acompanhada por psicólogos
Por paulo.gomes
Rio - Única sobrevivente da família que morreu eletrocutada em São Gonçalo, Maria Nazaré Alcântara de Oliveira, de 60 anos, segue internada. De acordo com a direção da Unidade Intensiva de Queimados do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), ela está lúcida, e seu estado de saúde é estável. A paciente respira espontaneamente e vem sendo acompanhada por psicólogos, mas ainda não tem previsão de alta.
A idosa apresenta lesões de segundo e terceiro graus nos membros superiores, inferiores e glúteo. Na segunda-feira, ela passou por um procedimento para conter sangramentos e retirada de tecido morto. Maria Nazaré foi atingida por uma descarga elétrica após tentar salvar o marido, Adão Orlando Silva Moraes, de 87 anos, o filho, Raphael Sergio Alcântara Oliveira, de 35, e os netos Lucas Alcântara de Oliveira, 13, e Gabriel Alcântara de Oliveira, de 9 meses.
No momento do acidente, Raphael buscava as crianças que tinham passado o dia na casa dos avós, enquanto sua esposa estava trabalhando. O pai acabara de colocar o bebê Gabriel na cadeirinha do carro e ficou do lado de fora esperando o outro filho chegar. De repente, sem qualquer sinal anterior, um fio de alta-tensão caiu sobre o automóvel. Apavorado, o irmão adolescente abriu a porta para tentar retirar o bebê. Em vão. Lucas recebeu toda a descarga a elétrica e ainda conduziu o choque para o pequeno Gabriel.
Em pânico, Raphael Alcântara e Adão Orlando tentaram salvar as crianças. Maria Nazaré, aos berros, jogada no chão, implorava por socorro, gritando pelo filho e pelos netos. As quatro vítimas fatais foram sepultadas na tarde de segunda-feira.
A Ampla, concessionária responsável pelo fornecimento de energia na região, é acusada por familiares de não prestar apoio as vítimas. A empresa diz que investiga se o desastre ocorreu por causa de um objeto lançado na rede de alta tensão, em outra rua do bairro. Ele teria rompido o fio.
Especialistas suspeitam de falha na estrutura da fiação. A vizinha Luciene Matos relatou que o poste, de onde despencou o fio, é recém-instalado e que o eletricista da Ampla teria classificado o procedimento como “complicado”.
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"Na ocasião, pedi para religarem a luz, já que precisava para trabalhar e não estragar os meus produtos. Mas o operador falou que o processo estava complicado e que não tinha previsão para voltar o fornecimento de energia. Já era a quarta vez que a Ampla realizava uma ajuste ali no local das mortes", relatou Luciene.