Por karilayn.areias
Rio - Há pouco mais de um ano, a médica Sara D’Ávila, de 62 anos, foi perseguida por quatro homens em duas motos após deixar o plantão num posto de saúde de Seropédica, na Baixada Fluminense. Ela teve a arma apontada para sua cabeça, foi jogada no chão e teve o carro roubado. O problema não é raro para profissionais da área da saúde que trabalham em hospitais do estado. Amanhã, o Sindicato dos Médicos do Rio vai se reunir com o Comando Geral da Polícia Militar. O objetivo é pedir a intensificação do policiamento ostensivo em torno das unidades hospitalares.
Funcionários do Hospital de Saracuruna pedem mais policiamento em torno da unidade em CaxiasDivulgação

O sindicato também vai se reunir com o secretário estadual de Administração Penitenciária, coronel Erir Ribeiro Costa Filho, para discutir a falência dos hospitais penitenciários, que culmina na transferência dos presos que necessitam de assistência médica para os hospitais públicos.

Segundo o órgão, as unidades são despreparadas e ficam inseguras com a presença dos detentos. “Os sete hospitais penitenciários do estado estão falidos e os presos são atendidos em hospitais públicos. Há um risco de resgate por criminosos e todos ficam sujeitos à violência”, afirmou o presidente Sindicato dos Médicos do Rio, Jorge Darze.

Ainda de acordo com ele, a falta de policiamento dentro e fora das unidades têm preocupado médicos e enfermeiros. “Só há um PM para fazer os boletins de ocorrência. Os seguranças acabam sofrendo ameaças, principalmente na troca de plantões. Na saída, alguns são assaltados por não haver policiamento ostensivo próximo aos hospitais”, lembrou Darze, que listou as unidades onde há maiores reclamações sobre assaltos.

São eles: Hospital Estadual Adão Pereira Nunes (Saracuruna), em Duque de Caxias, Hospital Estadual Albert Schweitzer (Realengo) e Hospital Rocha Faria (Campo Grande). Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz e Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes completam a lista.
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Jorge Darze ainda alertou sobre o número de médicos mortos de forma violenta no Rio, nos últimos três anos. Foram quatro no total. Entre eles, a médica pediatra Sônia Maria Santanna Stender, de 61 anos, assassinada com três tiros, em setembro de 2012. Ela tinha deixado o plantão do Hospital Getúlio Vargas, na Penha. Já o caso mais recente foi o do médico Helder Dias da Costa, morto em Irajá, no último dia 8.
“É uma sensação horrível ter uma arma apontada para sua cabeça. Vivi isso ao sair de um plantão em Seropédica. Levaram meu carro, mas antes me jogaram no chão. O pior é que os assaltos continuam”, lembrou a médica Sara D’Ávila.
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Resultado de pesquisa assusta profissionais da saúde

Um estudo feito pela Intramed (instituição espanhola) na América Latina, e divulgada esta semana através de seu site (portal exclusivo para médicos) assustou profissionais brasileiros da área da saúde. Segundo a pesquisa, 19.967 responderam às questões colocadas entre 3 de junho e 17 de dezembro de 2013, entre eles, médicos, enfermeiros e dentistas com diploma universitário completo, da América Latina.
A pesquisa mostra um aumento significativo no relatório de ataques em comparação com o estudo de 2006, em que a porcentagem foi de 54,6% (a pesquisa atual foi de 66,7%). O mais notável foi o crescimento de agressão física, que passou de 2,2% para 11,3%; ou seja, um em cada dez profissionais da área de saúde foi vítima de violência física no desempenho das tarefas, de alguma forma.
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Das agressões sofridas por profissionais, 73,4% ocorreram em instituições públicas; 13,8% dos agressores foram intoxicado por álcool ou drogas e 13,9% foram alterados pela doença psiquiátrica ou outra causa. Ainda segundo a pesquisa, 28% dos feridos tiveram que suspender temporariamente o seu trabalho.