Justiça decreta prisão preventiva de casal acusado de matar criança
Casal vai ficar preso no Complexo de Gericinó, em Bangu. Madrasta e pai foram presos em flagrante
Por cadu.bruno
Rio - A Justiça decretou nesta quarta-feira a prisão preventiva de Felipe Ramos da Silva, de 30 anos, e Joelma Souza da Silva, de 43, pai e madrasta da menina Micaela, de 4 anos, achada morta nesta terça-feira em um apartamento em Brás de Pina, na Zona Norte do Rio. O casal foi levado para o Complexo de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste, onde ficará preso.
A mãe de Micaela, Marlene de Almeida Rocha, prestou depoimento na Divisão de Homicídios (DH) na madrugada desta quarta-feira. Em depoimento, Marlene contou que a guarda de Micaela foi repassada ao pai depois que ela perdeu o emprego, quando a menina tinha 2 anos. Ela alega nunca ter notado nenhum vestígio de agressão no corpo da pequena e disse que ela costumava ir ao pediatra.
Agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DH) investigam se o pai também teria espancado Micaela ou se seria apenas cúmplice de Joelma, ao não impedir as agressões. Ambos foram presos em flagrante e vão responder por homicídio qualificado por meio cruel e por impossibilidade de defesa da vítima e fraude processual, já que adulteraram a cena do crime.
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O corpo da menina foi levado para o IML nesta terça-feira e uma tia da criança foi ao local, mas não conseguiu porque a criança não tinha certidão de nascimento. Segundo uma funcionária do Instituto, a liberação só pode ser feita pela mãe da vítima, com documento de identidade. O enterro não ocorrerá nesta quarta-feira, pois o cartório fecha ao meio-dia.
O delegado André Leiras afirma que a menina apresentava marcas que pareciam de pauladas em várias partes do corpo e tinha sinais de desnutrição. “Em 14 anos de polícia, nunca vi uma cena tão horrorosa. Ao mostrar ao pai a imagem da filha morta, ele não esboçou reação. Foi conivente, mas também queremos saber se ele a espancou. Eram tantas lesões que será necessário exame complementar para definir a causa da morte”, disse o delegado.
Wellington Souza da Silva, de 25 anos, filho da ajudante de cozinha Joelma, também morava no local. Ele contou que as agressões contra a menina eram frequentes e que ele próprio já levou uma facada da mãe. "Moro com minha mãe há 8 meses e sempre presenciei cenas de agressões. Procurei defender a menina, mas nem sempre dava. O pai via tudo e não fazia nada. Minha mãe, aquele monstro, nunca soube criar um filho, tanto que eu morava com minha avó”, afirmou.
"É duro dizer isto, mas minha mãe é um monstro. Nem um cachorro faz isso com a cria”, desabafou o rapaz.
Em depoimento, Joelma negou o crime e disse que deu dipirona (medicamento analgésico e antipirético) a Micaela. Já Felipe acusa a companheira, e diz que já tinha presenciado agressões dela à menina pelo menos três vezes, mas não explicou porque não impediu os atos. Ele alega que chegou em casa às 23h, encontrou a menina deitada no sofá, deu um beijo nela e não notou nada anormal. Joelma tem uma passagem pela polícia por lesão corporal em 2011.
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Casal quase é linchado
De acordo com a Delegacia de Homicídios da Capital, que investiga o caso, o cenário do crime foi alterado já que não havia sangue sobre o sofá onde a menina estava quando a polícia chegou ao local. Com um produto específico para encontrar vestígios de sangue (luminol), a perícia encontrou manchas na cama do quarto do casal e na pia do banheiro. Um lençol com manchas de sangue foi encontrado no lixo. A polícia acredita que a menina possa ter sido morta no quarto do casal e depois colocada sobre o sofá.