Rio - O desabamento que matou Lídia de Lima, de 81 anos e Alessa Caroline Ferreira Fernandes, de 17 anos, em Irajá, na Zona Norte, foi "anunciado" há um ano pela Defesa Civil. Segundo vizinhos das vítimas, o órgão teria feito uma vistoria no local no ano passado, e alertado a família quanto ao risco da construção.
"A mãe, Rose, não deu ouvidos. Não aceitava sugestões de ninguém e não quis mexer na casa", contou uma vizinha, se referindo à chefe de família, Rosemary Fernandes, de 41 anos, que perdeu a mãe e a filha no acidente.
No entanto, através de nota oficial, a Defesa Civil negou a informação de ter realizado uma vistoria no imóvel que desabou.
Na manhã desta sexta-feira, peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli e agentes da Defesa Civil estiveram os escombros do sobrado, que abrigava cinco pessoas. Rose e seus outros dois filhos, Ronei e Alessandro, de 23 e 17 anos, sofreram ferimentos leves. O caso sera acompanhado também pela 27ª DP (Irajá).
"Sai 10 minutos antes para ir à igreja, e na saída encontrei meu neto, que veio correndo gritando 'vovó, sua casa esta toda quebrada'. Foi um desespero", contou a vizinha Janete de Souza, de 78 anos, que mora na casa em frente ao sobrado destruído.
A dona de casa Gleucy Dias, de 62 anos, disse ter se assustado com o som do deslizamento. "Moro na rua ao lado e ouvi um barulho parecido com o de uma explosão. Subiu muita poeira", disse a moradora, afirmando não ter saído de casa por medo.
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Segundo Georgia Fraga, prima de Rose, a menina que morreu era muito apegada à mãe. "Minha prima tinha três filhos, e era apaixonada pela Alessa, a única menina. Essas chuvas trazem muita desgraça para a cidade. So se safa quem tem dinheiro", lamentou.
Procurada, a Defesa Civil Municipal ainda não informou sobre a vistoria que teria sido feita anteriormente. De acordo com órgão, equipe de técnicos que foram até o local para vistoriar outros imóveis do entorno interditou duas edificações de um pavimento cada que ficavam nos fundos e na frente da área que desabou. Também foi interditada de forma preventiva um imóvel no número 706 da Rua Guiraréia. Um laudo técnico foi encaminhado para os órgãos competentes.
Reportagem de Maria Clara Vieira