Por gabriela.mattos
Rio - O vídeo que mostra vigilantes agredindo um grupo de grafiteiros na Saara, no Centro do Rio, chocou o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, Marcelo Chalréo. Ele denominou o caso como um "absurdo" e disse que o episódio foi avaliado "pessimamente". Confundidos com pichadores, os jovens tiveram os corpos pintados com uma tinta de spray, foram ameaçados e apanharam com uma barra de ferro.
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De acordo com Chalréo, os grafiteiros já procuraram a OAB e estão "temerosos de sua própria integridade física". O presidente da Comissão destaca que as vítimas foram ameaçadas de morte.  "Eles estão muito nervosos , muito apavorados, praticamente não param de chorar. Estão bem machucados. As cenas são bárbaras. Além do que foi mostrado nos vídeos, eles foram ameaçados de morte".

Nas imagens, um dos vigilantes ataca um dos grafiteiros e diz para ele não olhar para os agressores. "Se olhar para mim vou estourar a tua cara. Está com muita bronca olhando para a minha cara". Segundo relatos das redes sociais, o trio voltava de um evento de grafite em Santa Teresa e seguiam para a Central do Brasil quando foram abordados pelos seguranças.

"Gosta de pichar, não gosta?", grita um deles, enquanto os agride. Um dos jovens implora pelo fim das agressões. "Por favor, cara, tenho família". "Eu também tenho família, p..., estou aqui pra sustentar minha família, p...", responde um dos agressores

O presidente do Pólo Centro Rio, Denys Darzi, que representa comerciantes mais tradicionais da Saara, lamentou o episódio. "Me deixou muito triste, isto é uma barbárie, lamentável que isso tenha acontecido", falou.

Entretanto, ele afirmou que não responde pela atuação dos seguranças. "Não tem a nada a ver conosco. Isso é da competência do grupo deles", disse, se referindo à Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega (Saara). "Tivemos uma reunião com o chefe da Policia Civil, Fernando Veloso, para pedir para apurar esse tipo de serviço que é prestado por esses seguranças. Não podemos compactuar com isso", disse. Após o episódio, ele informou que reforçaria o pedido ao chefe da Polícia Civil.

Jovens tiveram corpos pintados com tintas spray e foram agredidos com barra de ferroReprodução Vídeo

Segundo Darzi, o mandato do presidente da Saara acabou desde novembro de 2011, entretanto eles continuam atuando na região. Já o Pólo Centro Rio foi fundado em 2013 através de um decreto municipal e, segundo o seu presidente, assumiu funções administrativas, como corredor cultural, necessidades dos lojistas e melhorias para a região junto à prefeitura. "Quem responde pelos lojistas hoje somos nós, desde 2013." 

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O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB rebateu a nota do Saara: "Nessas horas essas pessoas e organizações sempre dizer que não estão em suas responsabilidades. A autoridade policial vai apurar isso para verificar a responsabilidade dos contratantes destas pessoas, que procederam como verdadeiros criminosos"
O delegado Cláudio Vieira, da 4ª DP (Praça da República), esteve na OAB, onde os jovens foram ouvidos e apenas disse que aguarda os jovens para prestarem depoimento.