Jornalista mostra hematomas deixados pela GM em bloco de Carnaval
Bernardo Tabak estava na Praça Mauá quando confusão se instalou. Segundo ele, pessoas apanharam gratuitamente
Por clarissa.sardenberg
Rio - Um jornalista que estava presente no Technobloco, bloco não-oficial do Carnaval, que desfilou pelas ruas do Centro do Rio, na madrugada deste sábado, publicou em uma rede social a imagem de hematomas deixados pela Guarda Municipal (GM) em ação truculenta contra foliões na Praça Mauá, segundo ele. Bernado Tabak, de 40 anos, contou que apanhou e foi enforcado por estar filmando a confusão imposta pelos agentes.
"Nunca imaginei em 40 anos de vida que iria fazer uma exibição pública da minha bunda. Mas também, jamais pensei que seria algemado e preso, depois de tomar muita porrada e ser enforcado pela Guarda Municipal do Rio de Janeiro (GM-Rio). O motivo? Estar filmando tamanha truculência e bestialidade dos agentes do Grupamento de Operações Especiais (GOE) contra foliões na madrugada de sábado, 13 de fevereiro de 2016", escreveu o jornalista do "O Globo".
Tabak contou que viu guardas batendo em pessoas gratuitamente e indiscriminadamente. "Afirmo: não vi qualquer depredação durante todo o desfile, não vi pichações e não vi ninguém lançando garrafas contra a GM-Rio (nem em nenhum dos vários vídeos que já assisti até agora)", contou o jornalista.
Segundo ele, o aparelho celular que usava para filmagem foi arrancado de suas mãos e arremessado para longe enquanto ele era agredido. O homem contou que levou um "mata-leão" e gritou dizendo que não estava conseguindo respirar e em seguida foi algemado e arrastado para a viatura. "Pra que isso?! Eu não tou resistindo a nada!", questionou ele ao guarda. Ao que um dos agentes respondeu: "Cala a boca! Tá preso por desacato!".
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O jornalista foi encaminhado para a a 5ª DP (Mem de Sá) e em um boletim de ocorrência feito pelos agentes Souza e Gomez estava escrito que foi necessário o uso de "força moderada" durante a prisão. Para ele e os presentes na praça, a ação fez lembrar a época da Ditadura Militar.
Tabak finalizou sua publicação pedindo investigação da GM e providências do prefeito Eduardo Paes, quem ele lembrou ter entregue as chaves do Rio ao Rei Momo para as celebrações de Carnaval.
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A assessoria da Guarda Municipal informou que acompanhava normalmente o evento, e o tumulto ocorreu após um grupo tentar depredar a praça e o entorno, quando os guardas tentaram impedir e foram hostilizados. Segundo a GM, há registro de lixeiras destruídas, tentativa de pichação dos equipamentos da praça e depredação do mobiliário. Ainda segundo a Guarda Municipal, os oito guardas que estavam no local fazendo o patrulhamento acionaram apoio para conter aqueles que faziam a depredação. Três pessoas que atacaram os agentes com garrafas foram detidas e conduzidas para a delegacia, segundo a GM.