Por bianca.lobianco

Rio - Responsável pelo maior canteiro de obras visto no Rio de Janeiro nos últimos anos, o prefeito Eduardo Paes, em entrevista ao programa Jogo do Poder, da CNT (que vai ao ar hoje, às 23h15), reconheceu, em forma de lamento, que avanços na área de mobilidade urbana dão mais “ibope” que escolas e hospitais.

Defensor ferrenho da candidatura de Pedro Paulo Carvalho, segundo Paes o único capacitado para sucedê-lo na prefeitura, ele faz duras críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff, mas novamente se colocou contra o processo de impeachment, defendido, inclusive, pelos principais nomes de seu partido, o PMDB.

Na sabatina, que contou com a participação do jornalista do DIA Caio Barbosa, o prefeito exaltou seus feitos na Educação e debochou das críticas feitas pelo vereador Leonel Brizola, que o acusa de maquiar números e fazer marketing com o legado de seu avô ex-governador.

Prefeito do Rio Eduardo reconheceu%2C em forma de lamento%2C que avanços na área de mobilidade urbana dão mais 'ibope' que escolas e hospitaisBruno de Lima / Agência O Dia

Falante como de costume, o prefeito agradeceu à população pela paciência (“apesar dos xingamentos à minha progenitora nos engarrafamentos”), alfinetou amigos e aliados, de Aécio Neves a Pezão, passando por Dilma. Amor mesmo, só com Pedro Paulo, seu fiel escudeiro e candidato a prefeito em outubro, e com José Serra, seu preferido para suceder Dilma em 2018, desde que pelo PMDB.


Nunca se viu tantas intervenções na cidade. Que tipo de comparação o senhor faz da cidade que recebeu para a que vai passar ao seu sucessor?


Sou de uma geração que se lamuriava de ter um dia ter vivido na Cidade Maravilhosa. Era uma cidade saudosista e incapaz de olhar para a frente. O mérito da minha gestão é olhar para a frente. Comparam muito a minha administração com a do Pereira Passos, mas vou jogar brasa na minha sardinha.

Se olhar, o (ex-prefeito) Pedro Ernesto fez muita coisa em comunidade. O Brizola fez muita escola. Fez 101 CIEPs na cidade. Vamos entregar 331 escolas. Homenageando o Brizola. Desde 1848, quando construíram a primeira unidade de saúde, o Rio tinha 200 unidades.

Estamos entregando cento e oitenta e tantas unidades novas, principalmente clínicas da família. Além de um conjunto de intervenções que não saem na imprensa, como o (projeto) Bairro Maravilha. Na Zona Oeste todos os bairros foram urbanizados. Na Zona Norte teve recuperação de bairros.

Nas favelas, o Morar Carioca. Há um conjunto de intervenções que mostram que o Rio é capaz. O Rio está resolvido? Não. É uma cidade desigual? Ainda é. Melhorou, está mais integrada, as fronteiras (entre as áreas da cidade) diminuíram. Mas ainda tem muita coisa para fazer.


O senhor tocou no nome do Brizola, mas o neto dele, vereador Leonel Brizola o acusa de fazer propaganda política com o nome do ex-governador, e diz que estes números não correspondem à realidade. Além disso, pela lei que obriga o município a converter todas as escolas para o turno único até 2020, era para estarmos num número próximo de 60%. Ainda não chegamos aos 35%.

O vereador diz isso, mas o outro neto trabalha comigo coordenando este programa (das escolas). O partido do Brizola (PDT) faz parte do meu governo. O Lupi, braço-direito do Brizola, e as pessoas que cercavam o Brizola apoiam meu governo. O vereador era bebê e não prestou a atenção em nada do que o avô deve ter dito porque era muito pequeno. Depois não deve ter lido nada que o avô dele escreveu ou falou.

No dia que inauguramos as primeiras escolas, estavam lá todos os personagens que estiveram com Darcy e Brizola no início daquele processo. Em relação ao número de escolas, é físico. Basta ir lá e contar. Já inauguramos duzentas e tantas. São mais cento e dez escolas do amanhã e vamos chegar a trezentas e poucas. É físico, dá para ver, não vou ficar brincando com uma coisa dessas.

Mas e as críticas sobre o turno único, que agora vai até 14h30, em vez de 17h30, como era no CIEP?

Houve evolução em algumas coisas. A arquitetura das Escolas do Amanhã e a grande curricular é diferente da dos CIEPs. O conceito é o que os educadores chamam de turno único, com três refeições, mais aulas de português, de matemática, de ciências, que é o que mais importa.

São unidades de muita qualidade. Inauguramos dezoito nos últimos dez dias. E não é uma coisa de final de mandato. Fazemos isso sempre. Mas para chegar em 2020 com 100% em turno único, tem que votar no Pedro Paulo, que tem como prioridade construir mais 314 escolas. Se ele construir, a gente consegue colocar 100% em tempo integral.

A sua gestão tem a marca da mobilidade, das intervenções urbanísticas. É mais fácil fazer sucesso nessas áreas do que em saúde e educação?

Sim. Dá mais Ibope, mais mídia. Inaugurei recentemente três Escolas do Amanhã na Zona Oeste, e a Arena da Juventude, das Olimpíadas. Nas escolas não tinha uma radiozinha para me acompanhar. Na Arena estava a imprensa toda. Se eu faço um recapeamento em Ipanema, sai no horário nobre de todas as televisões. Se faço um hospital na Zona Oeste, não vai ninguém.

Pedro Paulo e Eduardo Paes participam de peregrinação pelo Centro da cidadeLevy Ribeiro / Agência O Dia

E na Saúde? Por mais que se faça muito, a sensação é se sempre está faltando alguma coisa, está aquém do necessário.

Ninguém está dizendo que está tudo perfeito. Não sou capaz de achar que a população é idiota. Estas ações geram resultado. Veja que a cidade do Rio sempre representou 50% dos casos de dengue, e agora Zika, do Estado. Atualmente representamos 20%. Isso é milagre do Eduardo Paes com os mosquitos, oração ou rede de atenção básica que se ampliou e está chegando nos lugares? Uma das funções do agente de saúde é combater a transmissão da dengue. Ou seja, tem um trabalho efetivo nesta área e a população está percebendo.

Os cariocas adoraram a Praça Mauá. O que mais tem para acontecer por ali, que é, sem dúvida, uma grande marca da sua administração?

A Praça Mauá foi só o aperitivo. Esta semana vamos inaugurar o passeio em frente ao 1º Distrito Naval, um território que os cariocas não conheciam, da Candelária à Praça Mauá. Você não podia passar pela beira da baía ali. Agora vai poder. Depois você tem da Candelária em direção à Praça XV.

Depois tem o Boulevard, da Praça Mauá ao Armazém 7, uma coisa belíssima com o VLT passando por quase tudo isso. E ainda tem dois túneis, os maiores túneis, que vão quase da rodoviária até o Museu Histórico Nacional, quase no Aterro do Flamengo. Estes túneis são, hoje, o grande gargalo do trânsito da cidade, depois que a gente retirou a perimetral.

Se a gente for parar para pensar, as pessoas estão muito compreensivas com este prefeito, apesar das homenagens sucessivas à minha progenitora (risos) na hora do engarrafamento, estamos sem a Rodrigues Alves, sem a Perimetral, sem a Rio Branco, introduzindo uma nova forma de mobilidade da cidade.


Faltou incentivar a criação de moradias populares naquela região. Como o senhor recebe esta crítica de muitos urbanistas?

Recebo com toda a abertura. Estávamos com dificuldade na questão da habitação social. Nós desenvolvemos um plano de habitação social em diálogo com a sociedade e estamos levando o Minha Casa, Minha Vida para o porto.

As críticas são bem-vindas, mas eu não deixo as críticas me paralisarem. Mas os mesmos urbanistas que fazem esta crítica são os mesmos que adoravam a Perimetral. Pessoas que eu respeito. Arquitetos importantes. Mas que criticavam a demolição.

A recuperação daquela região pode incentivar a gentrificação, expulsando os mais pobres para a periferia? Há alguma preocupação com isso?

O desafio de toda grande cidade que se qualifica, que melhora é este. Na Zona Sul isso acontece muito. O valor dos imóveis foi para a lua e hoje está cheio de gringo no Vidigal. É o maior exemplo. A gente trabalha isso no Porto Maravilha e em outras regiões da cidade. Até porque no Porto Maravilha tem uma reversão da lógica urbanística.

O Rio sempre cresceu horizontalmente, fugindo de seus problemas, e o Porto vem apresentar uma nova fronteira para a especulação imobiliária, no bom sentido, para que se construa sem ser apenas na Barra da Tijuca. É ruim o Rio abandonar áreas estabelecidas, com infraestrutura, para enfrentar os desafios, indo em direção à Zona Oeste.

Estamos fazendo o caminho inverso, não só com o Porto mas também com o subúrbio. Quando se faz uma Transcarioca cortando toda a Zona Norte, você está requalificando o subúrbio, dando mobilidade e qualificando áreas estabelecidas da cidade.

As fotos que circulam pela internet e nos jornais com esgoto e lixo em volta do Museu do Amanhã lhe incomodam?

Nada. Um dos objetivos era este. Era tomar estas pancadas. A Perimetral era um muro entre a cidade e sua razão de ser, que é a Baía de Guanabara. O Rio se chama Rio porque quando chegaram aqui acharam que a Baía era um rio. E nós plantamos um muro entre o Rio e sua razão de ser. E quando a população não vê, não pressiona os governos. E quando não se pressiona, os governos não fazem nada.

Antes, se passava de carro e se via tudo azul. Era uma beleza. Agora o carioca passa a pé e vai cobrar. Eu mesmo cobro. Quando vi uma foto cheia de detrito perto do Museu do Amanhã, perguntei à Comlurb o que estava acontecendo. O esgoto vai ser cobrado da Cedae. Este reencontro da população com as suas coisas é um dos meus objetivos. Um dos motivos de degradação foi justamente a distância que se estabeleceu entre a população e este fantástico corpo hídrico que é a Baía.

Prefeito critica governo federal, mas volta a se colocar contra o impeachment da presidente da RepúblicaLEVY RIBEIRO/AGÊNCIA O DIA/14.12.2015

Estamos próximos dos Jogos Olímpicos que legado vai ficar para a cidade, efetivamente?

O legado está aí. Está se vendo. Os piscinões da Praça da Bandeira estão funcionando. Não está tudo pronto, mas já está funcionando bem para as chuvas que tivemos. Quando o cidadão pega a Transolímpica e a Transcarioca, são legados olímpicos entregues muito antes.

O Centro de Operações mesma coisa. O Parque de Deodoro, a Praça Mauá, o VLT. Tudo isso é legado olímpico. O fim do aterro de Gramacho era um compromisso olímpico. Tirei com quatro anos de antecedência. Fora isso, há o que não dá tanto Ibope. As escolas as pessoas só estão sabendo porque botei ali na Maré, entre o Aeroporto e a Zona Sul, e parte da imprensa está vendo. Senão também não estariam vendo.

Com todo o respeito a vocês, tem editor que não anda por Campo Grande, Santa Cruz, Guaratiba, Penha, Irajá, Colégio e Ricardo. O legado é fantástico. Além de ser uma Olimpíada sem um escândalo, entregue no prazo, no custo. Isso é uma imagem positiva que o Rio deixa. É um legado.

O senhor há cerca de 15 dias disse que corríamos o risco de ficar sem metrô. O governo do Estado disse que não. O senhor está tranquilo que teremos metrô?

Eu sou atento a isso e cobro as coisas do meu time, do comitê organizador, do Governo Federal e do Estadual. E se o Papa estivesse envolvido, cobraria dele também. Isso foi um email que vazaram sobre a discussão de uma possibilidade de o metrô não estar pronto. Mas vai estar. Só que tem de fazer um plano de contingência para o caso de não estar ficar pronto.

E a gente tem plano de contingência para tudo, pois o metrô pode não funcionar num dia, ou o BRT. E aí faz o quê? Senta e chora no meio-fio? Não. Tem que pensar em alternativas para tudo. O metrô, no entanto, não é para a Olimpíada. Não era nem promessa olímpica. É para a população.

É verdade que 60% dos recursos da Olimpíada vêm da iniciativa privada?

Aquilo que é para a Olimpíada, como estádio, vila de atleta, sim. Em Londres, para se ter uma ideia, apenas 20% foi da iniciativa privada. Uma transformação fantástica. Em oito anos de governo, incluindo este ano, vou ter gasto R$ 65 bilhões em saúde e educação.

Em oito anos, gastei R$ 655 milhões com estádio. Apenas 1%. As pessoas gostam de falar que tem dinheiro para fazer estádio mas não tem para fazer escola, mas o orçamento da educação é R$ 5,5 bilhões, R$ 6 bilhões por ano, o da saúde é quase isso. Todos os equipamentos esportivos da olimpíada custaram R$ 7,5 bilhões. O orçamento da educação de um ano é quase isso.

O vazamento deste e-mail não foi, também, um plano de contingência para as eleições municipais, já que um de seus homens de confiança, Carlos Osório, se bandeou para a oposição e vai enfrentar o Pedro Paulo nas urnas? Foi a antecipação do calendário eleitoral?

Teve gente que disse isso. Eu entendo a saída do Osório. Só não sei como não saiu antes. Tomou dois carões do chefe dele (Pezão), que diz que ele não faz nada, que só dá entrevista, até para geladeira. Se fosse comigo, eu sairia no dia seguinte. Não perderia esse tempo todo. Eu nunca fiz essa indelicadeza com ele. Já tinha trocado ele de secretaria no meu governo e depois que ele ganhou a eleição (para deputado estadual), não o convidei para voltar porque sabia quem ele era. Tem uma coisa que eu quero confessar. Nunca falei para ninguém.

Eu já tinha combinado com o Osório, e é verdade, que ele seria apresentador do programa de campanha do Pedro. Como comunicador ele dá de 10 a 0 em todos vocês. É uma maravilha. Mas ser prefeito não é isso. É fazer, é acontecer. E agora eu fiquei sem apresentador. Ia economizar um dinheiro. Ele já tinha topado. Mas é normal. Faz parte da vida e as pessoas têm de fazer o que bem entenderem. As pessoas têm de olhar nesta eleição os candidatos, o prefeito que está governando esta cidade há oito anos e o candidato do prefeito, que é o maestro da orquestra, o primeiro-ministro do governo, com seus acertos e erros. E ver se o Rio melhorou ou não. Se vale a pena continuar ou se quer mudar e inverter completamente este papel.

O prefeito do Rio não pode usar a cidade como trincheira de luta nacional. Que se dane PT, PSDB, Rede, Marina, Aécio, Dilma, o sucessor da Dilma. O que importa é o Rio, é governar essa cidade. Eu falo sempre para o Pedro Paulo que ele tem de se dar muito bem com a Dilma quando chegar lá, e muito bem com o sucessor da Dilma, seja ele quem for. A gente só conseguiu fazer essas coisas todas aqui no Rio com entendimento entre os poderes.

Dilma%2C ao lado do governador Pezão e do prefeito Eduardo Paes%2C visita comunidade em Santa Cruz%2C e participa da ação nacional de combate ao mosquito Aedes aegyptiDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

O senhor está confiante no êxito do Pedro Paulo após as notícias sobre a agressão à ex-mulher?

Primeiramente, acho que todo mundo tem de ter direito à defesa nessa vida. Cabe a ele, com Ministério Público Federal, Polícia Federal, Supremo Tribunal Federal ouvindo as partes, prestar as informações que têm de prestar. E ali sim, na Justiça, prestar esclarecimentos.

Ele teve um primeiro casamento fracassado, conflitante, ruim. Eu te garanto apenas uma coisa: eu conheço bem a história e jamais apoiaria um espancador de mulheres. Jamais. Tenho certeza de que estamos lidando com um bom pai, um bom marido, um bom filho, um bom irmão, e mais importante que tudo, estamos lidando com o melhor que temos para ser prefeito do Rio.

As pessoas me perguntam como a Prefeitura continua fazendo investimento, pagando em dia, aumentando servidor. “Ah, é Olimpíada!”, dizem. Mas o Estado também tem Olimpíada. Então como é que faz? Isso é gestão. Acabou esse negócio de improviso na política brasileira. Não tem oração que salve (referindo-se a Marcelo Crivella). Não tem geladeira e comunicação que salve (referência a Osório). Não tem boas intenções que salve (sobre Marcelo Freixo), porque tem que pegar a conta e fazer direitinho, com diligência.

Por isso estou indicando para a minha sucessão alguém que conhece minha gestão profundamente. A PPP (parceria público-privada) do Porto Maravilha foi ele que fez. A do Parque Olímpico. O acordo para transferir o aterro de Gramacho. 70% de cobertura do Programa de Saúde de Família. Não estou dizendo que não fiz nada (risos). Fiz muita coisa.

Mas ali está uma pessoa que, junto comigo, comandou o governo. Quem achar que estas coisas significam avanço, vota nele. E não esqueçam que o Brasil está em crise. Há uns anos era mole fazer superávit. Hoje só a prefeitura do Rio faz.

Até que ponto a crise do governo do Estado, do PMDB, em diversos níveis, pode prejudicar a eleição do Pedro Paulo, candidato do PMDB, e dificultar a sua vida?

Claro que a crise tem consequência sobre o dia a dia da cidade. Se tem dificuldade no Estado, tem impacto na cidade. Eu vejo o esforço do Pezão e estou tentando ajudar. Assumimos dois grandes hospitais. Conta grande. R$ 500 milhões por ano.

Não sei se todo mundo faria isso. Mas é por respeito à população da Zona Oeste. E coloquei o Pedro Paulo como interventor. Foi o que fiz o governo inteiro. Quando boto ele, é para dar certo. Mas acho que o governador se esforça, trabalha. Só que o que estará em julgamento é o meu trabalho, o meu time, o que eu fiz.

Na última campanha o senhor, Dilma e Lula deram várias declarações de amor mútuas, mas li que o senhor já se reuniu com Aécio pedindo que ele barrasse a candidatura do Osório a prefeito pelo PSDB em troca de apoio em 2018. E que seu candidato preferido é o José Serra, mas pelo PMDB. O namoro com o PT chegou ao fim?

Ué, não tem história de que serei candidato a presidente?

Tem. O Lula, inclusive, quer o senhor pertinho dele na chapa.

Ele não me disse ainda. E nunca fiz reunião com Aécio sobre barrar candidatura de nada. Se todo mundo puder apoiar meu candidato, ficarei feliz da vida. Meu coração está aberto. Pelo Rio, chamo de meu amor. A cidade tem que avançar.

Eu só disse que o PMDB tem que ter candidato. E aí sempre surge meu nome. O natural é que eu seja candidato a governador, mas nem nisso estou pensando agora. O que eu acho é que há um grande nome na política brasileira, preparado, experiente, já que a gente não admite mais amadorismo, que é o governador José Serra. Eu gosto do mineiro (Aécio), é boa gente. Mas se tivesse feito um governo tão bom assim em Minas, não teria perdido lá. Tomou uma paulada feia. É meu amigo, mas a gente precisa de gestão, de quem acorda cedo. Eu acredito muito nisso.

E o impeachment da Dilma? O senhor tem se colocado contra. Teme um desgaste por isso já que, segundo o Datafolha, 60% da população apoiaria o impeachment?

Sou um defensor da democracia, não da Dilma. O impeachment é um instrumento da democracia, está na Constituição, mas é preciso haver um crime de responsabilidade. E não há nenhum contra a presidente. O Brasil precisa parar com este amadorismo.

A nossa história no século 20 é uma história de atalhos. O país não amadurece. E aí a gente apoia movimentos que não são democráticos, que não respeitam a Constituição devido a uma impopularidade. A economia vai mal? Vai. As coisas estão mal encaminhadas? Estão. Há uma incapacidade de condução política? Há. Mas nada disso está previsto na Constituição como motivo para impeachment de ninguém.

Seu partido fez um programa de governo totalmente de oposição. O senhor está de acordo com aquele programa?

Enquanto eu for prefeito, sou amigo do governo federal. O povo não me contratou para ser analista de política econômica, mas para fazer escola, hospital, melhorar o trânsito.


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