Atletas paralímpicos encontram estrutura para prática das atividades na Vila Olímpica de Nova Iguaçu.Divulgação/PMNI

O sucesso do Brasil nos Jogos Paralímpicos de Tóquio é fruto de investimento no esporte. E uma das cidades que aposta e pretende continuar investindo nas modalidades paralímpicas é Nova Iguaçu. Atualmente quatro atletas de alto rendimento estão treinando na Vila Olímpica da cidade e têm grandes chances de conquistar uma vaga para competir na próxima edição do evento, que será em Paris, em 2024.
Márcio Nunes, Leonardo Sabino, Guilherme Cardoso e Adriele de Moraes fazem parte da equipe de atletismo da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (SEMEL), treinada pelo ex-atleta paralímpico iguaçuano Irani Silva Filho, que participou dos Jogos Paralímpicos de Seul, em 1988.
“Iniciamos o trabalho com para-atletas na Vila Olímpica em 2009 e um dos primeiros a aderirem à nossa equipe foi o Guilherme Cardoso, um dos melhores velocistas T12 do Brasil da atualidade. Nós contamos também com o Leonardo Sabino, considerado um dos maiores saltadores do país e com passagem pela seleção brasileira. O Márcio Nunes disputou a Rio-201, já Adriele de Moraes também faz parte da seleção e foi campeã parapanamericana em Toronto-2015”, conta Irani.

Márcio Nunes é morador de Miguel Couto e conquistou a medalha de ouro na prova dos 5.000 metros T46 nos Jogos do Rio. Ele acredita que o trabalho realizado na Vila Olímpica de Nova Iguaçu é fundamental para o desenvolvimento de futuros campeões.
“Antes eu tinha que ir para o Rio para ter treinos de alto rendimento, mas hoje treino na minha cidade. Tenho muito orgulho por representar Nova Iguaçu aonde quer que eu vá. Nós somos espelho para outras pessoas e costumamos passar nossas experiências para elas. As pessoas com deficiência precisam dessa autoestima”, garante.

Além do trabalho de alta performance, a Vila Olímpica de Nova Iguaçu conta com o projeto Special Olympics, uma organização internacional de esportes para crianças e adultos com deficiência intelectual que ajuda a desenvolver a autoconfiança, capacidades de relacionamento interpessoal e sentido de realização. Este trabalho é realizado pelo professor de educação física Jorge Roberto Morais, diretor de Esportes da Special Olympics.

“Não buscamos o alto rendimento, mas sim o melhor de cada pessoa. Queremos mostrar que o atletismo pode ajudar a desenvolver o ser humano na questão da saúde, da qualidade de vida e na inclusão social. Se não formarmos atletas paralímpicos, trabalharemos para que saiam daqui cidadãos com noção de grupo e inclusão”, disse Jorge Roberto.
Neste quesito, uma das alunas de grande destaque é Bianca Martiliano Cardozo, de 29 anos. Ela nasceu com deficiência intelectual e baixa visão, mas nada disso foi capaz de impedir que ela corresse atrás dos seus sonhos, nem mesmo um médico que disse que ela não seria capaz sequer de andar e falar.
“Um segundo médico tirou meus remédios controlados e disse que eu deveria praticar esportes e estudar. Minha mãe acreditou em mim desde pequena e me ajudou. Entrei para o projeto da Vila Olímpica há quatro anos e já evoluí muito. Participei de uma competição em São Paulo e fiquei em primeiro lugar na corrida de 100 metros”, contou Bianca.

Quem quiser participar do projeto Special Olympics deve se inscrever diretamente na Vila Olímpica de Nova Iguaçu. Basta levar RG, CPF, certidão de nascimento ou casamento, comprovante de residência, atestado médico e laudo médico (no caso de PCDs). As atividades acontecem de segunda a sexta-feira. Às segundas e quintas, os treinos são realizados das 9h às 11h30 e das 14h às 16h30. As atividades de terça são sempre no período da manhã. Já às quartas e sextas os treinamentos acontecem à tarde.