Isa Colli opinião odia
Isa Colli opinião odia divulgação
Por Isa Colli*
Todo mês de março, mulheres no mundo inteiro elevam suas vozes para amplificar a luta por direitos civis, representatividade política e igualdade de oportunidades com os homens. Os dados ainda são incertos, mas é possível afirmar que o isolamento social marcou de forma mais profunda as mulheres, agravando as desigualdades.

Nossa carga ficou mais pesada na pandemia, mas me proponho a ser otimista e mostrar histórias de superação e humanidade. A pesquisadora Magda Gomes, de 26 anos, revolucionou a realidade do local onde mora, a favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio. Logo no início do confinamento, quando muitos ainda estavam atônitos, Magda colocou a mão na massa e fez a diferença na vida de muitos moradores. Organizou ações pelo coletivo “Rocinha Resiste” e arrecadou dinheiro para comprar água mineral, cestas básicas e kits de higiene para serem distribuídos. Mais de 350 famílias foram beneficiadas durante três meses.

Em meio à crise sanitária que vivemos, não tenho como não citar o esforço das profissionais das áreas da Ciência e da Saúde. E aqui, exalto a biomédica baiana Jaqueline Goes, responsável pelo sequenciamento genético do novo coronavírus apenas 48 horas depois dos primeiros casos de covid-19 na América Latina.

Suelen Martins também não foge à luta. Estudante de jornalismo, trabalhava na área de comunicação de uma prefeitura, até que ficou desempregada após a eleição municipal de 2020. Não se deu por vencida. Montou uma barraquinha - o Churrasco da Preta - no bairro do Engenho Novo, Zona Norte do Rio. Ela trabalha à noite, numa carga pesada, mas garante que está realizada. Em sua página no Facebook, Suelen divulgou a nova vida de empreendedora e ainda brincou com os seus seguidores.
“Esse negócio de recomeçar é trabalhoso, aparecem muitas pedras no caminho, mas o segredo é seguir com determinação e alegria! Gente, o negócio é o seguinte: se cada um de vocês comprar um espeto eu vou conseguir!”, disparou ela na rede social, desencadeando uma chuva de comentários elogiando a sua coragem.

O Brasil tem muitas mulheres como Suelen, que acordam cedo, enfrentam transporte público lotado, passam por todo tipo de provação e ainda têm de cuidar dos filhos, da casa e dos afazeres domésticos. É a tal da tripla jornada, que evidencia o desequilíbrio de gênero. Um dos desafios que precisamos enfrentar.

Por fim, divido com vocês a estratégia louvável que a professora Marcela Cristina Vicente, de 36 anos, adotou para continuar ensinando seus alunos de 7 anos que não tinham computador e internet para acompanhar as aulas online, em São Carlos (SP). Uma vez por semana, ela visita os estudantes e faz as atividades de alfabetização na calçada para que eles não tenham atraso no conteúdo escolar. É um exemplo de compromisso social e vocação para o magistério. Que tenhamos cada vez mais Magdas, Jaquelines, Suelens e Marcelas para nos inspirar na luta por direitos e igualdade.

*É jornalista e escritora _